segunda-feira, 29 de abril de 2019

Mark Knopfler inicia a Down the road wherever tour-2019




Dia 25 de Abril teve início em Barcelona à nova turnê de Mark Knopfler. Nesta turnê, mudanças substanciais ocorreram e é sobre isso que irei abordar nesta postagem.

A primeira coisa que gostaria de destacar é o setlist renovado nesta turnê, em segundo lugar, a banda estar maior, agora contando com dois novos membros que tocam metais, dando um novo sabor na maioria das canções, o retorno de Danny Cummings, dessa vez tocando percussão, algo que de cara remete a última turnê do Dire Straits, On Every Street tour 91/92. A mudança no repertório realmente foi muito bem-vindo, muitas vezes me queixei disso, creio que desde a turnê de 2008 que as coisas começaram a ficar gradativamente bastante previsíveis nos shows de Mark Knopfler, desta vez o Sultão do Swing resolveu, enfim nos brindar com um setlist maravilhoso e com escolhas surpreendentes. Aqui está o repertório da primeira noite:

1.Why Wye Man
2.Nobody Does That
3. Corned beef city
4. Sailing to Philadephia
5. Once upon a time in the west
6. Romeo and Juliet
7. Bacon roll
8. Matchstick Man
9. Done With Bonaparte
10. Heart Full of Holes
11. She's Gone/Your Latest Trick
13. Silvertown Blues
14. Postcards from Paraguay
15. On Every Street
16. Speedway at Nazareth
17. Telegraph Road
18. Money for Nothing
19. Local Hero




Eu ouvi esse show inteiro e apesar de não ter estado presente, para mim foi um show que nunca irei esquecer, devido a momentos marcantes, dos quais, sem sombra de dúvidas para mim, até agora me causa espanto e arrepios quando escuto, estou falando da grandiosa “Once upon a time in the West”, que surgiu no show como uma Fênix, completamente renovada, depois de 35 anos sem tocar essa canção em seus shows. A última vez que essa música foi tocada ao vivo por Knopfler, foi no Alchemy. Mark surpreendentemente usou sua Les Paul Standart- 1958, arrancando sons com aquela sonoridade inconfundível que é marca registrada de sua carreira solo, algo que causa um profundo contraste, eclipsando com o que se conhece dessa canção que no passado era apresentada com um Fender Strat (1978/1979) ou com a Schecter Strat (1980/1983), timbre limpos, agora saturada ao molho de sua Les Paul Standart- 1958. Meu Deus, que som, foi brutal, e faz a gente pensar: “por que ele não fez isso antes”... Em um formato que possui elementos da versão de estúdio com a versão do Alchemy, porém, adaptada ao Knopfler de nosso tempo e ao formato de sua nova banda, os sintetizadores da introdução ao vivo com os Dire Straits foram substituídos por sons de flautas e o final possui um maravilhoso dueto entre flauta, piston, sax e a guitarra de Mark Knopfler. Eu já devo ter ouvido uma vez para cada ano que ela não foi tocada, "Obrigado, meu Deus, por este presente", é indescritível, eu diria que vale a pena ir ao concerto só por causa disto.



Outro grande destaque é a canção Silvertown Blues, há muito tempo era esperada em seus shows, desde a turnê de 2001, são 18 anos de espera para enfim contempla-la ao vivo. É uma canção que promete crescer mais durante a turnê.




Heart Full of Holes foi mais uma grata surpresa, da classe das que nunca foram tocadas ao vivo, assim, como Silvertown Blues. Heart Full of Holes é daquelas músicas do catalogo de Knopfler que possui influencia celta, melodias intimistas, assim como Matchstick Man do novo álbum, é notável como Knopfler sente imenso prazer em interpreta-las.



Bacon roll melhora muito ao vivo, principalmente o seu final e o solo no meio da canção que possui sutilezas que somente Knopfler é capaz de reproduzir!


Why Wye Man abriu o espetáculo com uma nova atmosfera, os metais marcante presente em vários momentos, reestruturada em alguns momentos me remeteu a algo do álbum e turnê do Slow Train Comming do Bob Dylan, em seguida veio Nobody Does That, mais uma canção de seu novo álbum, que inevitavelmente remete a JJ Cale.






Money for Nothing retorna com o formato das versões da turnê do Brothers in Arms- 1985-1986, com aquela introdução de sintetizadores, Guy Fletcher cantando “I Want my MTV” e aquele crescente marcante da bateria. A guitarra do mestre está turbinada, timbre delicioso, é mais uma canção que ganhou novo sabor com presença de metais sem excesso, na medida certa.



No mais, eu creio que valeria a pena trocar canções como Corned beef city , Done With Bonaparte  e Postcards from Paraguay por mais canções de seu novo álbum, a meu ver, desde 2008 Knopfler não tem se mostrado fazer as melhores escolha de canções de seus novos álbuns para serem tocadas em suas turnês. Esperamos que canções como Trapper man, Back on the dance floor, Just a boy away from home, When you leave, Heavy up, ainda venham ser apresentadas. A ausência de Sultans Of Swing é algo que divide muitos fãs, para alguns, ela já não faz falta, para outros, ela é fundamental, pessoalmente, vejo que na altura campeonato, ele poderia continuar fazendo o que fez nas duas últimas turnê, seguir alternando e acredito que é isso que ele fará.

Outra coisa que me chamou bastante atenção é o timbre das guitarras do Mark Knopfler, está muito melhor e mais saboroso do que as duas últimas turnês, acredito que o novo sistema de som, P.A. que foi adquirido recentemente tenha muito a ver com esse fato.

A turnê promete ser muito promissora, ainda que Knopfler tenha anunciado nesse show que estava dando adeus às turnês, isso foi algo que impactou em todos nós que acompanhamos a sua carreira, embora, já fosse esperado, pois ele já havia dado alguns sinais. Na segunda canção do show, na introdução de Nobody Does That, ele disse:


“Alright Barcelona - happy or great to see you again
yeah, it's been a long time now
i always loved to be in Barcelona
so, once again is, hello Barcelona
but now, i am an oooold man, you know
so, i wanna thank you Barcelona for all the many happy years of me coming to say hello
it is also goodbye Barcelona for me, i am very sad
so hello Barcelona, dear Barcelona, i love Barcelona
but i will still try to make some records and write songs, but has to be no more travelling for old granddad, nevermind”

É interessante notar que ele escolheu dar essa notícia de forma discreta e diretamente no meio de seus fãs na plateia, que certamente foram pegos de surpresa, a única surpresa triste da noite.
Eu não acho que ele vai realmente parar de tocar ao vivo completamente. Eu acho que ele continuará fazendo shows enquanto for fisicamente capaz de fazer, mas, provavelmente serão shows únicos aqui e ali, como shows promocionais quando ele lançar novos álbuns, ou pequenas séries de shows em lugares como o Albert Hall. É imensamente triste que a turnê chegue ao fim, ele nos deu momentos e lembranças maravilhosas através de seus álbuns e turnês, das quais, jamais seus fãs devem esquecer, mas, como dizem, todas as coisas boas devem chegar ao fim. Espero que ainda haja muita música nova pela frente.

 Amanhã, dia 30/04/2019 eu iria realizar um sonho, assistir meu primeiro concerto do mestre, seria em Portugal, e dia 03/05/2019 em Corunha, Espanha, mas, infelizmente tive que adiar esse sonho por motivo de força maior. A experiência de assistir um concerto do Mark knopfler é a única realização que me falta como fã, seria meu maior investimento musical, ele possui uma profunda influência em minha vida, tanto em termos musicais, quanto emocionais, ele é a razão que eu aprendi a tocar guitarra, e sou profundamente grato a ele por tudo que sua música me deu. Quem sabe um dia eu terei a chance de vê-lo tocar... 

Estou deixando o link para analise e apreciação desse primeiro show dessa turnê, em Barcelona, dia 25/04/2019, cedido gentilmente pelo querido amigo espanhol, o Knopfleriano, Alberto Burgos, que esteve no show em Barcelona fazendo a transmissão desse concerto.

DOWNLOAD MP3

Aqui está um o vídeo do concerto que abriu a turnê em Barcelona, filmado pelo incrível AgustinKnopfler, a quem sou muito grato pela cobertura que vem fazendo para a comunidade Knopfleriana.




Aguardo comentários sobre vossas impressões desse concerto!


Brunno Nunes.

Dire Straits

Dire Straits
A voz e a guitarra do Dire Straits ao vivo em Cologne, 1979