terça-feira, 28 de setembro de 2010

Análise Musical- Telegraph Road






Esta análise musical é dedicada à fantástica canção Telegraph Road.


Considerada um dos picos do Rock sinfônico dos anos 80, Telegraph Road tornou-se um Clássico do Dire Straits, unanimemente, uma das canções prediletas entre os fãs e seguidores do DS. Com toda certeza, uma das maiores obras “Straits/Knopfleriana”, capaz de atrair amantes de Rock Progressivo e sensibilizar qualquer fã ou seguidor do Dire Straits.


Facilmente encontrada nos shows da carreira solo de Mark Knoplfer, Telegraph Road chega aos dias atuais tão gloriosa como no dia em que surgiu, provando ser uma canção atemporal, fazendo jus a um dos maiores compromissos de Knopfler com a música, compromisso com o tempo e não com o momento, eternizar uma canção.

Está canção faz parte do quarto álbum de estúdio da banda- Love over Gold- 1982, no decorrer de seus quase 15 minutos, Knopfler narra à criação de uma grande cidade onde só havia uma velha estrada. Praticamente conta a história de como uma cidade começa, fica gigante demais para ela mesma, entra em processo de corrupção e morre.

Mark Knopfler sempre foi atraído pelas telecomunicações, história e pioneiros. Vemos exemplos disso em músicas como Sailing to Philadelphia ou Single handed Sailor.

Alvaro Feito, em seu livro sobre Dire Straits, vem a confirmar esta informação com as seguintes palavras:

"La canción Telegraph Road, dura 15 minutos y vuelve a
reparar en temáticas que le son queridas a Mark: un letrista con ínfulas e inquietudes narrativas serias (recordemos sus trabajos como periodista y como asiduo lector de literatura), el asunto de la comunicación de ideas y palabras, la epopeya del Oeste, la instalación de instrumentos de enlace, como el telegrafo... Telegraph Road es una obra de grandes pretensiones y múltiples lecturas. Knopfler finaliza esta pieza con una frase de su amigo Dylan: "He visto la desesperación explotar en llamas, y no quiero volver a verlo jamás".

É evidente que nesse ponto Mark tornou-se um filósofo social, um intelectual que utiliza técnicas de composição próprias da Sétima Arte.

Mark teve a idéia para a música quando estava com a banda no ônibus viajando pela Telegraph Road, durante o início da Making Movies Tour, certamente admirado com a estrada. Na época ele também estava lendo o livro "O Crescimento do Solo" de Hamsun e decidiu unir as duas idéias.


A Telegraph Road (ou Michigan Route 24) está localizada em Detroit e tem cerca de 35 milhas de extensão. Ela está localizada na fronteira da cidade de Detroit, perto do Pontiac Silverdrome, um grande estádio coberto onde o Dire Straits já se apresentou. Aqui pode-se ver um mapa onde transcorre a Telegraph Road US-24:



Uma das grandes fontes de inspiração para Mark, é sem dúvidas, a literatura. Neste caso, o livro de Knut Hamsun, A Benção da Terra (o crescimento do solo) foi essencial na composição de Telegraph Road.




Knut Hamsun (1859-1952).
Escritor norueguês, Prêmio Nobel Literatura em 1920.















TELEGRAPH ROAD


A long time ago came a man on a track
Walking thirty miles with a sack on his back
And he put down his load where he thought it was the best
He made a home in the wilderness

He built a cabin and a winter store
And he ploughed up the ground by the cold lake shore
And the other travellers came riding down the track
And they never went further and they never went back
Then came the churches then came the schools
Then came the lawyers and the came the rules
The came the trains and the trucks with their loads
And the dirty old track was the telegraph road

Then came the mines - then came the ore
Then there was the hard times then there was a war
Telegraph sang a song about the world outside
Telegraph road got so deep and so wide... Like a rolling river...

And my radio says tonight it's gonna freeze
People driving home from the factories
There's six lane of traffic... Three lanes moving slow...
I used to like to go to work but they shut it down
I've got a right to go to work but there's no work here to be found
Yes and they say we're gonna have to pay what's owed
We're gonna have to reap from some seed that's been sowed
And the birds up on the wires and the telegraph poles
They can always fly away from this rain and this cold
You can hear them singing out their telegraph code
All the way down the telegraph road

You know I'd sooner forget but I remember those nights
When life was just a bet on a race between the lights
You had your head on my shoulder you had your hand in my hair
Now you act a little colder like you don't seem to care...
But believe in me baby and I'll take you away
From out of this darkness and into the day
From these rivers of headlights these rivers of rain
From the anger that lives on the streets with these names
'cos I've run every red light on memory lane
I've seen desperation explode into flames
And I don't wanna see it again...
From all of these signs saying sorry but we're closed
All the way down the telegraph road

Tradução:


ESTRADA DOS TELÉGRAFOS

Há muito tempo atrás veio um homem numa trilha
Caminhando trinta milhas com um saco em suas costas
E ele abaixou sua carga onde achou melhor
Ele fez sua casa num deserto

O lago que Mark se refere na canção é o lago Sylvan. Este lago pode ser visto na Telegraph Road US-24.

Algumas fotos do lago Sylvan:


































Ele construiu uma cabana e um abrigo de inverno
E ele arou o campo até a fria margem do lago
E outros viajantes vieram e ficaram
E eles nunca prosseguiram e nunca mais voltaram
Então vieram às igrejas então vieram às escolas
Então vieram os advogados e então vieram às leis
Então vieram os trens e os caminhões com suas cargas
E a velha e suja trilha virou a estrada dos telégrafos

Fotos

Flat Rock High School na Telegraph Road


















Iglesia ortodoxa San Pedro y San Pablo
na Telegraph Road























Então vieram as minas - Então veio o minério
Então foram tempos difíceis então veio uma guerra
Os telégrafos cantaram uma canção sobre mundo lá fora
A estrada dos telégrafos ficou tão profunda e tão grande
Como as correntezas de um rio

E meu rádio diz que a noite vai gear
Pessoas dirigindo das fábricas para casa
São seis faixas de trânsito
Três faixas se movem lentamente


Transito na US-24 Telegraph Road






















Eu costumava gostar de ir trabalhar, mas eles interromperam
Eu tinha o direito de ir trabalhar mas aqui não se acha trabalho
Sim e eles dizem que nós vamos ter que pagar o que é nosso
Nós vamos ter colher algumas sementes que plantamos
E os pássaros subiram na cerca e os telégrafos guiaram
Eles sempre podem voar para longe desta chuva e frio
Você pode escutar-los cantando seus códigos telegráficos
De todo modo fecharam a estrada dos telégrafos

Você sabe que eu preferia esquecer, mas eu me lembro daquelas noites
Quando a vida era apenas uma aposta numa corrida entre as luzes
Você tinha sua cabeça em meus ombros tinha sua mão em meus cabelos
Agora você fingi-se fria como se não se importasse
Mas acredito em mim baby e eu te levarei
Dessa escuridão para o dia
Daqueles rios de luzes daqueles rios de chuva
Do anjo que mora nas ruas com aqueles nomes
Porque eu tenho fugido de todas luzes vermelhas da minha memória
Eu tenho estado desesperado explodindo de paixão
E não quero ver novamente

De todos aqueles pecadores dizendo lamento mas nós estamos fechados,
De todo jeito...
fecharam a estrada dos telégrafos


Fotografia do final da US-24 Telegraph Road






















Mais curiosidades:


1- Telegraph Road já vinha sendo tocada antes mesmo de ser gravada no álbum Lover Over Gold. Em alguns shows da Making Movies Tour, no ano de 1981, temos a presença de Telegraph Road no setlist da turnê, Mark anunciando-a como uma nova canção. Na verdade, o Dire Straits estava experimentando o que viria ser a música Telegraph Road, as versões são muito interessantes por serem primitivas, praticamente uma demo, em outras palavras, uma pre-LoG versão de Telegraph Road, possuem uma introdução e interpretação um pouco diferente, bem como sua construção. Tudo estava em processo de evolução, é um privilegio ouvi-las ao vivo com a presença de Pick Withers, e apenas Alan Clark com seu piano e Harmond. Mark tocava com sua Black Schecter Tele nessas ocasiões na MM Tour.



























2- As versões de TR da LOG tour 82/83 são carregadas de energia, possuem uma roupagem fiel a versão de estúdio, no entanto, ao vivo temos um elemento que faz uma diferença gritante da versão de estúdio, a bateria do Terry Williams. Enquanto na versão de estúdio temos as sutilezas com Pick Withers, ao vivo na LOG Tour temos toda energia que o Terry sempre passou em suas atuações na banda. As versões de TR da LOG tour 82/83 são as minhas versões predileta, TR no Alchemy é uma explosão de sentimentos e emoções, sempre foi interpretada com a Schecter sunburst Strat.































3- Telegraph Road não foi tocada na turnê do Brother in Arms 85/86, salvo exceção no fim da turnê, em alguns shows na Austrália e Nova Zelândia, em 1986. Só existe apenas uma única versão disponível de Telegraph Road ao vivo na BIA Tour, presente no Bootleg- Live in New Zealand 1986- 07.03.86. Uma raridade.



4- Na On Every Street Tour 91/92 Telegraph Road retorna aos palcos com uma nova roupagem. As versões desta canção na OES Tour não possuem aquela linda introdução existente nas versões da LOG Tour 82/83, bem como, na versão de estúdio, nesta turnê a banda invoca outra atmosfera. Mark sempre inicia com a National Steel, só que nesta turnê ele segue por mais tempo com a National Steel










esbanjando sua técnica em um solo lindo, melódico e suave e segue com ela, até o final da canção. Outra novidade aparece logo após sua frase>> "Like a rolling river... um solo de Chris White - Sax, dando um ar de suavidade, ao contrario das versões de 82/83, onde Mark já entrava com sua Schecter, sempre com um solo empolgante. É valido citar que Paul Franklin com seu Pedal Steel Guitar coloca bastante personalidade nessas versões. Danny Cummings destaca-se em sua percussão no solo final.

5- Durante sua carreiro solo, Telegraph Road tem sido apresentada e sofrendo notáveis alterações em sua estrutura, no entanto, ele vem preservando-as no formato das versões da LOG tour 82/83, com a mesma introdução, o que vai mudar são alguns detalhes como timbre da guitarra, e alguns elementos adicionados no decorrer das turnês.

Um detalhe interessante é que em cada turnê Mark opta por uma determinada guitarra para tocar essa canção. Nas duas primeiras turnês ele seguiu com aPensa-Suhr em 96







e com a Pensa- flamed em 2001;






em 2005, na turnê do Shagri-la, ele toca TR com uma Fender, sua Stratocaster - Mark Knopfler Signature Edition, trazendo um novo timbre, um novo sabor a este clássico; nas duas mais recente turnês- 2008 e 2010, podemos perceber uma nova mudança, Telegraph road ganha uma nova introdução, com flauta e um novo instrumento de cordas. As versões retornam ao formato semelhante às versões da OES Tour 91/92, (apenas por seguir por mais tempo do que antes com sua National Steel na canção, valorizando uma áurea acústica, essas versões mais recentes possuem uma atmosfera bem suave que as anteriores).


Mesmo com essas novas roupagens, clássico é clássico e as inovações de Knopfler com ou sem os Dire Straits são sempre muito bem-vindas! ^^



Fiquem com alguns vídeos de Telegraph Road:

1- versão fundamental, a sempre emocionante- Live aLCHMEY





2- Ao vivo em Nimes 92- OES TOUR 91/92. Uma versão, digamos, mais lapdada e suave.






3- Telegraph Road Madrid 2005- Shangri-la Tour 2005. Sem dúvidas, uma das mais brilhantes versões da carreira solo.






Enfim, mais uma realização feita com muito carinho para todos os visitantes do Universo Dire Straits. Espero que tenham gostado deste modesto trabalho que pude fazer a respeito da canção Telegraph Road, espero ter conseguido esclarecer algo a respeito desta maravilhosa canção e de alguma maneira, trazido luz a novos detalhes que cercam este clássico do Dire Straits.

Telegraph Road - The legend.

Brunno Nunes.

9 comentários:

Miguel Gomes disse...

Parabéns e obrigado!

Abraço de Portugal,
Miguel

Thiago Trota disse...

como fã,sei como é trabalhoso e quanto expendioso é tanto em termos de amor e comprometimento fazer um artigo desses,meus parabéns,forte abraço!

Thiago Trota disse...

como fã,sei como é trabalhoso e quanto expendioso é tanto em termos de amor e comprometimento fazer um artigo desses,meus parabéns,forte abraço!

Brunno Nunes disse...

Muito obrigado Zé Miguel e Thiago. É de grande incentivo suas considerações e reconhecimento sobre o meu trabalho no Blog, tudo isso que faço é dedicado a grandes fãs da banda como vocês!

Fraternalmente

Brunno Nunes.

Val Minillo disse...

Belíssima e gratificante postagem Brunno!! Acrescento ainda nobre Brunno: Imensurável sensibilidade musical a sua!!

Parabéns!

Me sinto abençoado por poder ser seu seguidor neste vosso Blog!

O Dire em sua história, seus componentes e em especial Mark são todos iluminados.

A arte e a importância musical deste grupo, bem como o Deep Purple e Pink Floyd forma a tríade em minha iniação no universo do Rock, em especial o progressivo!

Estarei divulgando o blog aos amigos e amantes das canções universais!!

Sempre que puder, eu farei aqui um porto seguro para navegar no oceano musical.

A Ti um forte e fraterno abraço!

"PAZ E BEM!!"

VAL

Brunno Nunes disse...

Caro Val

Gostaria de agradecer o reconhecimento e considerações, me sinto honrado em ter o reconhecimento de fãs do Dire Straits como você e tantos outros, que assim como eu, tem essa banda como parte da trilha sonora de nossas vidas!

Fico feliz que tenha gostado do espaço, agradeço iniciativa de divulgar o Blog entre amigos. ^^

Qualquer dúvidas sobre a banda pode contar comigo tanto você, quanto quem quer que seja é sempre um prazer.

Um fraterno abraço a você Val!

Brunno Nunes.

Thiago Mesquita disse...

Muito legal esse trabalho !!! Parabéns !

Paulo Fonseca disse...

Sensacional trabalho!! Parabéns!!!! e obrigado

Paulo Fonseca - SP/SP

Anônimo disse...

Uma obra de arte. Música bem tocada

Dire Straits

Dire Straits
A voz e a guitarra do Dire Straits ao vivo em Cologne, 1979