domingo, 2 de outubro de 2011

Análise Musical- Single-Handed Sailor




Saudações Knopflerianas


É com grande satisfação que irei realizar uma análise sobre esta música, Single-Handed Sailor, uma canção daquelas capaz de nos fazer viajar rumo a lindos horizontes em nossa mente, no melhor sabor da Fender Stratocaster.

Assim como nas análise musicais realizadas antes, minha intenção será mostrar ao máximo o espírito que envolve esta canção, tentarei trazer luz em muitos aspectos contidos nesta jóia clean-Straitana.


Então, preparem-se para mergulhar no universo musical da canção em questão.




1- Um pouco de História e inspirações:

Houve aquele que conversava com uma tripulação imaginária, pra enganar a solidão.

Joshua Slocum















Houve aquele que quase amputou o próprio braço, gangrenado, no meio do oceano.

Vito Dumas















Houve aquele que atravessou o Atlântico Norte, a bordo de uma canoa aberta, do tamanho da batera à vela “Habilidosa”.

Alfred Johnson












Não poderia iniciar uma análise sobre Single Handed Sailor sem falar daquele que aprendeu a velejar em idade já madura e no entanto realizou façanhas incríveis...



Francis Chichester é o responsável pela inspiração desta canção, ele foi piloto de avião antes de ser marujo solitário.

Venceu a primeira Transat inglesa em solitário ( 1960 ), chegou em segundo numa outra (1964 ) e realizou uma volta ao mundo em tempo recorde ( 1966-67 ), igualmente em solitário e com apenas uma escala em Sydney.
Francis Chichester, realizou sua memorável volta ao mundo, em solitário, a bordo do veleiro “Gipsy Moth IV”, nome de uma antigo avião, que pode ser visitado ao lado do lendário “Cutty Sark”, cujo tempo de circunavegação ele tentou bater, sem sucesso,

Francis Chichester recebeu o título de Sir e a espada de Francis Drake. ( http://pt.wikipedia.org/wiki/Francis_Drake ), das
mãos da rainha da Inglaterra, Elysabeth II, pela sua memorável volta ao mundo em solitário e passando pelos três míticos cabos: Boa Esperança, Leewin e Horn.
Francis Chichester se tratou de um câncer do pulmão velejando. Nada mais terapêutico do que a alta MAR, dizia ele.

Single-Handed Sailor nos transporta para as paisagens enevoadas de Londres e as aventuras de Sir Francis Chichester.


Analisando o próprio título da canção- Single handed sailor, é um tanto complicado traduzir, contudo, eu compreendo que seja algo como- "Marinheiro Solitário", pelo menos esse é o sentido que consigo captar.

Knopfler sempre se sentiu atraido pelas aventuras de conquistas, de pessoas que abrem novos horizontes, a história de Francis Chichester não é diferente, quando se pergunta quem foi ele, a resposta é simples, um aventureiro. Um inglês que abriu horizontes em todos os sentidos.

Ele partiu sozinho com seu veleiro de Plymouth (maior cidade do condado de Devon, no sudoeste da Inglaterra) no dia 27 de agosto de 1966, retornando ao mesmo porto em 28 de maio de 1967. Após a morte de Chichester, seu barco, Gipsy Moth IV, ficou atracado em Greenwich, ao lado do mais famoso veleiro do mundo, o Cutty Sark, última embarcação utilizada pelos ingleses para o transporte de chá. Justamente era em um estúdio em Greenwich que o Dire Straits costumava ensaiar, (certamente o mesmo estúdio onde o DS está ensaiando, presente no início do documentário- BBC Arena, logo após a canção Down to the Waterline).

Foi dali que surgiu a inspiração em compor Single-Handed Sailor, no final de 1978, música que faz referência ao choro do vento que rondava o Cutty Sark.

Para um maior aprofundamento sobre Francis Chichester, eu sugiro este site em português>>

(http://www.maresenavegantes.com.br/?p=240) e este em inglês>> (http://www.rockremembers.com/2009/04/single-handed-sailor-

dire-straits-1979.html)



Rota de Francis Chichester com o Gipsy Moth IV


2- Letra de SINGLE HANDED SAILOR:

Two in the morning in the drydock town
The river roll away in the night.
Little gypsy moth she's all tied down
she quiver in the wind and light.

Yes, and a sailing ship just held down in chains
from the lazy days of sail
She's just a lying there in silent pain
He lean on the tourist rail

A mother and her baby and the college of war
In the concrete graves.
You never wanna fight agains the river law
Nobody rules the waves
yes, and on a night
when the lazy wind is awailing
around the Cutty Sark
the single handed sailor goes sailing
sailing away in the dark...

He's up on the bridge on the self same night
The mariner of drydock land
Two in the morning but there's on green light
and a man on a barge of sand

she's gonna slip away below him
away from the things he's done
But he just shouts:
"Hey man! What do you call this thing?".
He could have said: pride of London...
On a night when the lazy wind is awailing
around the Cutty Shark
the single handed sailor goes sailing
Sailing away in the dark...


3- Conceitos da canção:

Analisando os conceitos que surgem na canção

drydock town: é definitivamente Greenwich, em Londres.

Fotos de " drydock town", Greenwich, em Londres:














































The river
, o rio é o Tâmisa:



















Little gypsy moth é Gypsy Moth IV de Sir Francis Chichester em que uma só tacada fez uma circunavegação ao redor do mundo, que estava em dry dock no momento em que a canção foi escrita.



















Mother and her baby and the College of War: "A mãe e o bebê e o colégio de guerra". Vejo como uma metafora, outra referência ao grande Cutty Sark (mãe) e o pequeno Gypsy Moth (o bebê) e o Colégio de guerra é o Royal Naval College que fica nas proximidades.




















O
Gypsy Moth IV em comparação ao Cutty Sark





















Royal Naval College- Greenwich










































Cutty Sark
na rua de Greenwich




3- Tradução da letra
:


(Tendo em vista também, que pelo que pude observar na minha pesquisa, os Single-handed Sailors são os marinheiros que navegam solitários em uma embarcação. Então, a partir de agora, tradurzirei para "Marinheiro Solitário").

Marinheiro Solitário

Duas da manhã na drydock town
O rio corre na noite
Pequena "Gipsy Moth" ela está ancorado
Ela balança (suas velas) no vento e na luz

Sim o pequeno barco está amarrado com correntes
Desde os tranquilos dias em que navegou
Ela apenas encontra-se no silêncio da dor
Ele encosta no trilho turistico
(se refere ao Cutty Sark na rua de Greenwich)

Uma mãe e seu bebe e o colegio de guerra
Nas covas de concreto
Você nunca quer lutar contra a lei do rio
Ninguem manda nas ondas
Sim, numa noite quando o vento preguiçoso é um lamento
Ao redor do Cutty Sark
O marinheiro solitário vai navegando
Navegando na escuridão

Ele está sobre a ponte na mesma noite
O marinheiro da drydock land
Duas da manhã, mas não há uma luz verde
E um Homem na barcaça de areia

Ela se vai diante dele
Longe das coisas que ele fez
Mas ele apenas grita:
"Ei homem, como você chama essa coisa" (seu barco)
Ele poderia ter dito " Orgulho de Londres"
Numa noite quando o vento preguiçoso é um lamento
Em volta do Coutty Sark
O marinheiro solitário vai navegando
Navegando na escuridão


4- Considerações pessoais:

Eu gosto da linha "O marinheiro da drydock land", vejo ai claramente a referência a Francis Chichester, na frase que antecede já evidência "Ele está sobre a ponte na mesma noite", Francis Chichester é o marinheiro em questão na canção.

A frase> "
Uma mãe e seu bebe e o colegio de guerra ", não creio que uma mãe e um bebe estaria em plena drydock land as duas da manhã, vejo muita mais uma metáfora ai como já citei antes, vejo mais sentido dessa forma.

"Numa noite quando o vento preguiçoso é um lamento", vejo como uma referência ao choro do vento que rondava o Cutty Sark.

Posso imaginar Mark Knopfler estando em
Greenwich pela madrugada vendo toda aquela paisagem enevoada de Londre, com o Gypsy Moth IV atracado em dry dock no momento em que a canção foi escrita. Por ser um homem letrado, e bem inspirado, fez essa magnifica canção, um dos sons mais lindos extraídos de uma Fender Stratocaster.

Há uma atmosfera constante nesta canção que nos remete a canção Down to the Waterline, pelos ambientes citados, em ambas temos a preseça de rio, Porto, caís, enfim... locais onde os návios ficam, marinheiros e aventura, contudo, em Down to the Waterline possui um caráter mais romântico e excitante a meu ver, aventura amorosa, fantasias...


Fiquem com o vídeo desta canção no Rockpalast- 79




Eu sou suspeito em falar sobre esse registro, é simplesmente o show mais marcante, mais importânte para mim, o que mais me cativou e impactou, Rockpalast 79 é Dire Straits puro!!!!!!!

Espero que tenham gostado, se pude trazer luz a algum aspecto da canção para algum fã da banda, estarei satisfeito!



(Antes de entrarem no estúdio Wood Wharf studio, Greenwich para ensaiar uma nova canção de Mark Knopfler, "Portobelle Belle", após se acordarem de uma noite barulheta-Junho, 1978). ^^

Brunno Nunes.


3 comentários:

Sandro disse...

Legal, Bruno! Sempre achei um tanto "misteriosa" a letra de Single-Handed Sailor, mas você lançou algumas boas luzes sobre ela. Parabéns - a você e a todos os que curtem o DS e o seu blog.

Unknown disse...

Pô cara...vc matou a pau...a musmús é fantástico e seus comentários muito elucidativos...valeu...

Raphael disse...

Brunno, parabéns pela pesquisa e descobertas...essa música é uma obra prima e pra mim um dos melhores solos de Knopfler, junto como Telegraph Road...e vc tem razão, Rockpalast 79 foi um maiores shows da humanidade...parabéns

Dire Straits

Dire Straits
A voz e a guitarra do Dire Straits ao vivo em Cologne, 1979