Estou postando uma ótima matéria para ser aproveitada por todos os fãs!
Com a ajuda de meu amigo e grande fã do Dire Straits e Mark Knopfler, o saudoso "Marcos Schulz", aqui está essa excelente matéria, retirada da revsita Bassist Magazine, Dezembro de 1998, (traduzida e adaptada para o português.)
Tenho certeza que será muito bem-vinda por todos os visitantes do Blog Dire Straits Bootlegs BR.
Então, aqui deixo meus agradecimento a Marcos Schulz, por sua construtiva contribuição!
Obrigado pela boa vontade, amigo.
Aqui é de fã para fã!
Brunno Nunes.
Entrevista com John Illsley para a revista BASSIST
Quando o fenômeno Dire Straits celebra 21 anos no topo, Gibson Keddie fala com um dos baixistas de rock de maior sucesso, John Illsley, do DS.
DS sempre esteve no lugar certo na hora certa. Ok, assim eles lançaram seu álbum de estréia – uma coleção de músicas country-rock típica de amigáveis pubs – no meio da era punk, mas, se o ano de 1977 viu a banda lutando por estar no fim das listas no Festival de Deptford no sul de Londres, eles não precisaram esperar tanto; um ano mais tarde, aquele primeiro álbum, gravado em 3 semanas com custo de 10.000 libras (“nós ultrapassamos em 1.500 o orçamento”, lembra John), estava flutuando estavelmente em torno da 2ª posição no TOP-100 norte americano, e uma platéia excitada aguardava ansiosa a chegada do DS.
O baixista John Illsley dividia um ap. no sul de Londres com o irmão mais novo de Mark Knopfler, David, e lembra-se de Mark freqüentemente aparecer por lá em meados dos anos 70. Os dois ficaram íntimos e, quando Illsley estava terminando seu último ano de graduação em Sociologia na Universidade de Londres, uma banda se reuniu consistindo de John, o baterista Pick Withers, e os irmãos Knoplfer nas guitarras, executando material escrito à caneta por Mark, além de variados favoritos de pubs.
Entretanto, essa forma sem-estresse de gravar logo se tornaria coisa do passado. Financeiramente insuflados graças ao sucesso prodigioso na América, e com uma gravadora ávida de produtos fresquinhos das novas estrelas, Dire Straits foi parar nas Bahamas no então novo complexo de estúdio “Compass point” (“Ir para estúdios novíssimos foi um erro também”) com o superstar veterano de produções Jerry Wexler. Problema? Isso foi somente 9 meses depois de terem gravado o primeiro álbum, e as novas músicas estavam longe de estarem prontas. A reação crítica ao sonífero Communiqué de 1978 foi calada, para dizer só o mínimo, razão pela qual o álbum obteve pequena mas charmosa repercussão.
John lembra esse período pré-superstar na história do DS com entusiasmo. A banda, despreparada para o salto estratosférico de apresentações de uma noite ao redor do Reino Unido para o megassucesso ao estilo americano, nem sequer tinha um empresário, e na época que sua primeira turnê americana estava a caminho, eles subestimaram demais seu tamanho potencial (em termos de locais). John, enquanto isso, estava operando como o contador da banda.
Já cansados das intermináveis rodadas de “noites únicas”, quando DS chegou a Stateside no fim de 78, com um roadie, eles organizaram seus próprios vôos, alugaram seus próprios carros e dirigiram-se aos gigs (apresentações em turnê) – mas, por que os gigs eram massivamente lotados de inscrições, a banda teve de acalmar donos de clubes prometendo tocar duas vezes todas as noites por mais ou menos 6 semanas para evitar que os clubes fossem depredados por fãs irados sem ingressos.
O sucesso teve benefício – a banda pôde nunca mais ceder à pressão das gravadoras para gravar outro álbum tão cedo, e deu a eles a oportunidade de gravar aquele difícil terceiro álbum. “Fazendo filmes’ no seu próprio ritmo, permitindo total “reinado” à crescentemente cinemática capacidade de composição de Knopfler. Mas as rachaduras internas estavam começando a aparecer. “David teve que ir”, comenta John. ‘’Ele não se adaptou à natureza mutante da música e às demandas feitas à banda, pressões das gravadoras, das turnês e da promoção (=sucesso). David achou aquilo tudo difícil de se lidar, e nunca esteve confortável tocando ao vivo também. Quando nós estávamos fazendo o Making Movies , nós perdemos muito tempo no estúdio onde Mark teve de regravar as partes da guitarra de David, e tudo de repente veio à cabeça (chegou no limite?). Foi decidido que a melhor coisa para ele era realmente sair – duplamente difícil, por ser irmão de Mark, mas quando ele saiu, isso estranhamente nos deu uma nova oportunidade na vida. Nós decidimos aumentar a banda com teclados, foi quando Alan Clark se juntou a nós. Hal Lindes substituiu David, e assim tivemos uma ótima banda de 5 peças, logo, às vezes essas mudanças são para o melhor”.
Após consolidar sua predileção por músicas “épicas” com o Lov Over Gold, o destino incrivelmente os brindou com uma mão brilhante: o todo-novo formato de CD chegou justo antes do lançamento do igualmente épico Brothers In Arms. Possivelmente o álbum definitivo dos anos 80, a precisa e refinada produção do BIA o fez perfeito para o CD (tornando o disco demo a menina dos olhos de praticamente todas as lojas de alta tecnologia por todo o mundo). Muitas pessoas o compraram duas vezes também: tendo comprado inicialmente em vinil ou cassete, a tentação de recomprá-lo em CD se mostrou irresistível – as caixas registradoras em tudo quanto é lugar devem ter lutado para respirar. (Eu, por exemplo, comprei 3 cópias para o natal).
Até agora, MK e JI permaneceram o núcleo do DS, e acabaram desenvolvendo uma formação muito orgânica, adicionando músicos à medida que fosse necessário. O papel do baixo de John mudou à medida que o número de membros da banda se expandiu?
“Ficou muito mais exigente”, ele responde. “A música se tornou mais profunda e nós estávamos experimentando muito mais com os teclados e emoções nas músicas; a conseqüência foi que meu papel como baixista mudou, com diferentes tempos e técnicas usadas. Era orgânico naqueles dias em que trabalhamos em cada pequeno aspecto da música tão logo Mark montava os ossos crus da faixa – por isso o som reteve uma natureza da composição e o ‘approach’ (a pegada?) da música mudou, ficou mais expansiva (aberta). Nós sempre tivemos uma fascinação com cinema, o que se reflete no trabalho de trilhas de Mark”.
Considerando a habilidade “velha-escola” do DS de fazer turnês mundiais com considerável sucesso (fôlego?), como John agora estima os atrativos da excursão de 18 meses que acompanhou (seguiu) o álbum de 92, On Every Street?
“Mark e eu colocamos nosso próprio dinheiro naquela turnê, e foi um risco considerável envolvendo altos gastos: nós precisávamos de 28 caminhões para transportar equipamento por aí, por exemplo, e requeria enormes locações para poder com a demanda. Fazer turnês é ainda tão importante quanto sempre foi, embora agora pareça que não há mais tantos lugares para tocar. Costumava haver centenas de pequenas oportunidades de se apresentar (gigs) que era o melhor jeito de se acostumar a tocar ao vivo. Atualmente uma grande quantia de grupos parecem ser número 1 das listas ou tem um álbum bem vendido sem ter feito qualquer trabalho ao vivo. Então, é claro, as pessoas os acusam de não saberem tocar. Eu estava levando meu filho para a escola ontem ouvindo Rádio 1, e não pude deixar de imaginar quem comprava aquelas coisas. No entanto, a julgar pela diminuição das vendas, cada vez menos pessoas parecem interessadas...”
A sensação de fluidez das músicas da 1ª fase (early years) dos Straits tinha muito a ver com John e o baterista Pick Withers, que juntos criaram um segmento de ritmo muito solidário (adaptado) para com o conjunto de músicas de Knopfler (veja a “pincelada crespa” de Pick e as linhas de baixo de “cortar o ar” de John que sustentam a sensação sinistra de Six Blade Knife do 1º álbum). Desde a partida de Pick (“Ele já tinha tido que chega, e não estava confortável com o aspecto das turnês”) John aproveitou para tocar com uma variedade de bateristas de primeira, embora ele havia afirmado no passado que esse tempo com Withers foi seu período predileto pessoalmente.
“Pick tinha uma combinação específica de Rock e Folk, com sentimento meio de jazz, mais para um leque de informações de onde puxar, e em minha opinião, nos ajudou a criar algumas de nossas melhores músicas”.
Chega Terry Williams: “Muito mais um batera rock’n’roll, enorme dinâmica ao vivo. Confortável tanto ao vivo quanto em estúdio. Sua antiga banda, Rockpile, com Dave Edmunds e Nick Lowe, era a banda mais barulhenta de todos os tempos – eles inventaram 11 com amplificadores...”.
Então o lendário das sessões Omar Hakim (que tocou no BIA): “Omar era treinado na escola de Nova Iorque e tocar conosco era fácil para ele, não forçou suas qualidades artísticas, mas mesmo assim ele fez como se fosse a coisa mais importante que já tinha feito, que é, é claro, o tipo de comprometimento que você quer (precisa)”.
Baterista de sessões, por fim Jeff Procaro tocou em On Every Street: “Jeff era sempre o mesmo. Ele entrava, ouvia a música duas vezes e dizia “vamos lá! Vamos tocá-la”. Músicos americanos de sessões são especialmente bons na habilidade de chegar rapidamente no que quer, mas há um estúdio-arena de verdade na América, com muito mais trabalho disponível”.
Finalmente, Chris Whitten, que tocou na última turnê do DS: “Um baterista acadêmico – tipo de performance muito educado”.
Com o lançamento de “Os sultões do swingue: o melhor de DS” marcando inacreditáveis 21 anos, muitos leitores estarão se perguntando sobre o status atual da DS. Atualmente na 34ª posição na lista das 100 estrelas de rock mais ricas do Reino Unido, com uma fortuna pessoal de 25 milhões de libras, dinheiro não é problema para John (a abundância de composições de MK o coloca na 15ª posição com 55 milhões), mas os músicos gostam de tocar, não é?
“É difícil para eu dizer”, diz John. “As circunstâncias mudam tão rapidamente. Não temos feito muito trabalho juntos desde o OES de 1992. Mark tem estado um tanto entusiasmado em fazer trilhas sonoras, além do que ele passa muito tempo no ambiente interiorano em Nashville gravando sessões, também com os Notting Hillbillies, e assim vai. Voltar o DS ao que era eu acho improvável – nós não queremos esse tipo de tensão. Se fossemos fazer algo seria em menor escala, mais por diversão do que por qualquer outra coisa. Mark eventualmente menciona isso nos fins de tarde quando nos encontramos, e eu digo “você bebeu demais, Mark”. Na maioria dessas grandes turnês nós tocamos para mais de 5 milhões de pessoas e sofremos mentalmente e psicologicamente por isso – leva séculos para voltar a vida ao que era depois disso”.
“Era uma forma desejável de agir colcar o DS “no gancho” o invés de acabar com ele – muitas bandas têm se arrependido de romper quando o que simplesmente precisavam era de uma pausa”.
“Bem, eu nunca digo nunca, mas estou me divertindo muito tocando em bandas de Blues com amigos, e eu trabalhei com o cantor/compositor Paul Brady ano passado. Eu apenas gosto de tocar de tempos em tempos numa situação menos estressante. Mark adora fazer isso também. Se você ama música você quer manter esse elemento vivo, mas às vezes você se perde nessa máquina que toma conta, a maquinaria da mídia e grandes corporações que têm uma vida própria, e um modo particular de ver o mundo”, ele suspira reflexivo.
Curiosamente, muitos de vocês devem ter percebido que DS está atualmente representado no Top 10 singles do Reino Unido – Relax by Deetah tem uma versão de Why Worry, uma das músicas encontradas no BIA.
“É verdade”, ele confirma. “Eles pediram para nós há um tempo atrás se podiam fazer isso. É legal, eu gosto da música. Uma vez que você coloca sua música no domínio público qualquer coisa pode acontecer, especialmente com a maneira que a música está sendo usada em propagandas”.
Empresas de propaganda, atualmente usando muitas canções clássicas, poderiam ser acusadas de cinicamente usufruir de um tempo e espaço históricos para ter com quê associar seus produtos.
“Absolutamente – A British Telecom usou Private Investigations para um comercial de trilha sonora”, ele afirma, com a observação: “isso sim é que é dinheiro por nada...”. Lugar certo, hora certa, mais uma vez.
O baixo de John
O baixo mais famoso de John é o raro Olympic White 1961 Fender Jazz stackknob com o qual está posando nas nossas fotos exclusivas.
“Está horrível de se ver agora”, ele diz, “está tão surrado, mas é o melhor que eu já usei, e eu usei bastante! Eu o encontrei em Nova Iorque há mais ou menos 15 anos atrás, numa famosa loja de guitarras chamada Rudy’s Music Store. Rudy é um grande amigo da banda, sempre que ele tem algum instrumento decente chegando, ele nos dá uma ligada. Eu experimentei e disse: ‘Rudy, eu tenho que ter esse’. Tem sido o meu baixo principal desde então”.
“Falando sério” – Illsley segue carreiro solo.
Nos anos 80, John achou tempo para lançar dois álbuns solo muito subestimados, Glass e Never Told a Soul (que também cotava com MK).
“As músicas eram pessoais para mim, elas eram sobre minha vida e as pessoas à minha volta. Eu não queria expô-las a ninguém mais da banda. Foi um tremendo salto de aprendizado, trabalho pesado pelo simples motivo de você estar por conta própria. Eu fiquei um tanto desapontado que a gravadora não me levou muito a sério. Não colocaram nenhum esforço por trás disso tudo”.
Você tem esperanças de sucesso na carreira solo?
“Eu estaria mentindo se eu dissesse que não queria nenhum reconhecimento por isso, mas não era essa a questão. Eu queria gravar canções do meu jeito. Nós poderíamos ter gastado muito mais dinheiro e tempo com isso, mas eu não pensei além do puro prazer de realizar o álbum (no sentido de fazer por fazer)”.
E agora você passa o tempo pintando?
“Eu decidi, após terminarmos a turnê do OES, que eu iria fazer isso o mais seriamente que eu pudesse. É estranho estar com as pessoas dia sim dia não, comunicando-se musicalmente e socialmente com elas, e de repente colocar-se numa câmara de isolamento. Eu fiz um pequeno show ano passado e absolutamente adorei fazê-lo”.
Isso foi similar à correria de tocar ao vivo?
“Nada pode substituir isto. É algo único e especial”.
A capa desse mês da “Rock Legend” é o astro John Illsley, alguém que nunca desperdiça notas (ou desconsidera fama (?) essa frase ta meio confusa e deslocada – não entendi direito...)
O membro-fundador do DS é um daqueles músicos para quem a descrição “menos é mais” certamente é apropriada. Como temos dito no passado - o que conta, normalmente, não é pelo que você de fato toca, e sim, de forma oposta, pelo que você não toca: espaço e sensibilidade são ingredientes musicais vitais. Numa banda como DS, um baixista barulhento (que se sobressaísse) iria arruinar todo o clima, que é justamente porque o estilo de John sempre foi perfeito para o emprego – ele sempre parece tocar aquilo que é preciso e nada mais. O tom de sua Fender Jazz é redondo e gordo (preenchido) e, dessa forma, ambos se encaixam e sustentam perfeitamente a música da banda. Depois de passar por todos esses exemplos, dê uma olhada no seu modo econômico de tocar nas outras canções dos Straits. Você não vai ouvir muita coisa extraordinária, mas vai ouvir plenamente linhas de baixo seguras e “ritmadoras da música”; para mim, de longe o mais importante.
“Eu sou um músico muito primitivo”, explica John. “Para mim, a relação entre o baixo e a bateria é primordial para quase todas as faixas. Se isso funciona, a faixa funciona”.
Equipamento
Até quase a última grande turnê dos Straits em 1992, John era usuário convicto do amplificador SVT “padrão-rock” combinado com o cabo 8x10 “monster-sound”.
Ocasionalmente citados como não confiáveis, Illsley reconhece que os seus eram “tecnicamente como antigos motores a vapor, mas nunca me deixaram na mão em 15 anos...”.
Mais recentemente, ele tem usado encordoamento de baixo Trace Elliot. “Som excelente, e igualmente confiáveis em todo o mundo”, ele diz, e quem irá discordar?
A dica “da manga” (literalmente: “do topo da gaveta”) de John
Nós perguntamos a John qual conselho ele poderia dar aos nossos leitores. “Tocar com os dedos no baixo. Isso vai evitar que você perca tempo durante a música se perguntando onde diabos estão suas palhetas reservas”. É assim que ele chegou onde está hoje? Eu acho que não...
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