segunda-feira, 26 de setembro de 2011

20 anos do On Every Street

Saudações Knopflerianas

Setembro comemora-se o lançamento do último álbum de estúdio do Dire Straits- On Every Street, lançado em 1991.

Para celebrar, irei postar uma matéria gentilmente cedida por Nicolas Gomez, um grande fã espanhol, ele me autorizou traduzir e postar aqui no Universo Dire Straits, um especial que ele produziu em seu Blog, Mundo Knopfler> http://mundoknopfler.blogspot.com/

A matéria é precisosa, digna de um grande conhecedor da banda, especialmente a forma como foi tratada os aspectos deste último álbum de estúdio do Dire Straits, pois compartilho em muitos dos pontos de vistas que foram apresentados por Nicolas.

Com vocês:

ON EVERY STREET --20 ANIVERSARIO--








9 de Setembro de 1991, lembro-me perfeitamente desse dia. O novo e esperado disco de minha banda favorita "Dire Straits" saia
à venda. Lembro-me de ver lojas de discos cheio de pessoas para comprá-lo, havia também cartazes, e, claro, a música de fundo era o disco em si. Não é de admirar, depois do sucesso comercial da banda "Brothers in Arms" todos nós tínhamos esperado 6 longos anos para um novo álbum. Mark Knopfler estava um pouco exausto de sua turnê anterior e levou o assunto com calma.

Uma aparição no Estadio Wembley para celebraro 70 º aniversário do então preso Nelson Mandela, em seguida, em 1988 acendeu todas as luzes de advertência sobre a possível separação do grupo, seguido de uma edição posterior da compilação “Money for nothing”, mas uma aparição no festival Knebworth colocou todo o mundo em alerta sobre um novo álbum do Dire Straits quando Knopfler apresentou-se uma nova canção, “Think I love you too much” comentando que é um tema que poderia estar no novo álbum do Dire Straits .

No entanto, a priori, nem o single "Calling Elvis" e nem o álbum "On Every Street" tiveram o êxisto imediato. As opiniões estavam divididas tanto os críticos de música como próprios seguidores da banda. On Every Street resume a essência da música Knopfler, tanto do que é oferecido até então com ds, como o que tem oferecido posteriormente na carreia solo de MK. É por esta razão que hoje segue sendo o disco mais querido e as vezes o mais desprezado ou subestimadO por muitos dos antigos seguidores de MK.
Meses antes, quando MK disse a John Illsley que ele tinha um punhado de boas canções e que eu queria fazer um novo álbum, e de fato estava certo! On every street é o disco mais extenso dos seis que componhe a discografia do Dire Straits. O álbum apresenta 12 faixas, sem contar o grande número de descartes que houve.


ON EVERY STREET:

CALLING ELVIS
ON EVERY STREET
WHEN IT COMES TO YOU
FADE TO BLACK
THE BUG
YOU AND YOUR FRIENDS
HEAVY FUEL
IRON HAND
TICKET TO HEAVEN
MY PARTIES
PLANET OF NEW ORLEANS
HOW LONG


Os descartes lado b foram:

MILLONARIE BLUES (lado b de calling elvis)
KINGDOM COME (lado b de heavy fuel)
THINK I LOVE YOU TOO MUCH (descarte, foi gravado para Jeff Haley.)
THE LONG HIGHWAY (descarte, oficialmente publicado como lado b the “what it is” em 2000).


O álbum demorou muitos meses a ser gravado, algo pouco comum na banda. MK passava horas lendo e assistindo a Guerra do Golfo na TV. Neste ponto, parece que não lhe importava muito ter a sua disposição os serviços da Air Studios por muitos meses. Nem poupou a colaboração de novos músicos, e ficou claro que Dire Straits mais do que uma banda, já era um projeto unipessoal e só para a figura e serviços de Knopfler. Para este, Mark se rodeia, além dos membros oficiais do ds (Illsley, Guy, Clark) dos seguintes músicos de estúdio:

Danny Cummings: percussão
Paul Franklin: steel guitar
Phil Palmer: guitarra
Vince Gill: voz
Manu Katché: batería
Jeff Porcaro: batería (excepto heavy fuel)
Chris White: saxofón

Sem dúvida, uma das chaves para o som da On Every Street é a escolha de grandes músicos.
Knopfler voltou-se mais para o folk e country, e pela primeira vez incorpora uma steel guitar a sonoridade dos Straits. Paul Franklin, que já trabalhou um ano antes no Notting Hillbillies está muito presente neste disco.

Jeff Porcaro, baterista de grande prestígio, é outro dos grandes músicos do On Every Street. Infelizmente, Jeff já esatava comprometido com a sua banda, Toto, para sair em turnê naquele ano, então foi substituído por Chirs Witten para a turnê.
Infelizmente, Jeff Porcaro morreu de uma reação alérgica no jardim de sua casa em Los Angeles, enquanto Dire Straits estavam fazendo os últimos concerto da monstruosa turnê “On every street”.

Também digno de notar é a contribuição do próprio George Martin no disco, que liderou as cordas junto com Alan Clark. A voz Country de Vince Gill, que rejeitou o convite de Mark para acompanhá-los em turnê como guitarrista, para iniciar sua carreira ">solo. Vince e Mark conheceram-se na gravação do Neck and Neck.

Este álbum é o início de relacionamento de pessoas que vão colaborar daqui em diante com o MK até hoje, como o produtor Chuck Ainlay percussionista Danny Cummings. E também recorre ao engenheiro Neil Dorfsman e o saxofonista Chirs White.


On Every Street apresenta uma capa maravilhosa, onde você pode vislumbrar a figura de MK deitado com os pés em uma mesa de mixagem. Entre tons azul e branco, como a maioria dos discos DS. O design é muito americano, como a música que ela oferece.

OES fornece um pouco de rock, blues, jazz, pop e country, tudo isso misturado com o conhecimento de Knopfler. Talvez essa amálgama de cores que foi o gatilho que não "pegou" (não se consolidou) entre seus maiores defensores, ou seja, por conter muitos estilos diferentes de música no mesmo disco, teria sido a causa que terminou não agradando os seguidores mais fiéis da banda.
Se o On Every Street tivesse sido feito em um estilo só (como seus trabalhos anteriores) teria sido mais fácil de digerir pelos seus antigos e fiéis seguidores. Mas não esquecemos de uma coisa importante, é que na realidade a discografia de DS e MK sempre foi essa evolução, cada álbum traz novos sons. Mas, claro, com OES foi diferente, porque se deu um passo muito da sonoridade anterior oferecida. Lembro-me de ver como algumas pessoas jogaram suas mãos em sua cabeça por ver como pela primeira vez a guitarra de MK não era a peça centarl do quebra-cabeça, dando lugar a outros instrumentos, ou "rivalizar" uma disputa de fraseados com a propria guitarra de Knopfler . "

Guitarra sooava "diferente" desta vez. Durante estes anos sem publicar um novo álbum dos straits, Knopfler colaborou e por vários motivos, mas sempre com uma guitarra nova, uma Pensa Suhr, exclusivamente feito sob medida pelo luthier John Sur, que trabalhava para Rudy Pensa em sua loja de guitarra em Manhattan. Esta guitarra, desenhada em um guardanapo de papel em uma refeição com Mark, Rudy e Pensa, juntamente com a força da amplificação Soldano são responsáveis ​​pelo som de Mark durante o final dos anos 80 e início dos anos 90.

Poderíamos dizer que On Every Street é o álbum com um som mais americano (talvez junto com Making Movies) de toda a Dire Straits. E, em teoria, tudo foi gerado na casa que Mark tinha comprado naquela época, em Long Island, perto de sua casa de sempre em N. York.
As experiências anteriores gravando e Phillips, Guy Fletcher sob o nome "The Notting Hillbillies", influenciaram por sua vez o estilo desse disco novo, especialmente o som do Pedal Steel Guitar de Paul Franklin, e backing vocals por Vince Gill tipicamente nashvilianos.

Mas vamos a análisar as canções. Por alguma estranha razão, alguém da gravadora, ou talvez a partir de dentro da equipe de Knopfler, teve a "brilhante" idéia de deixar de fora do álbum algumas canções que, sem dúvida, teria dado um caráter diferente ao disco. Em outras ocasiões, os descartes são claramente vistos por não se encaixam no conceito do álbum, como em seu mais recente trabalho "Get lucky". Mas no caso do disco que estamos falando, é precisamente o oposto. Qualquer descarte soa mais ao On Every Street que, por exemplo "My Partes", vou por exemplo. Para não mencionar a qualidade destes descartes, como “Millonarie Blues” ou “The Long Highway” são canções de uma qualidade muito superior a muitos do próprio disco.
Elas também têm mais poder e são mais comerciais, o que teria feito o álbum a vender mais cópias, sem dúvida. Então, a única razão para que essas não fossem incluídas no disco, seria pelo fato do disco estar muito perto do terreno do blues, tendo uma sonoridade muito comum entre eles. E alguém (Knopfler?) quizera exatamente o contrario, a diversidade e os "novos" sons. Mas novamente estamos diante de uma contradição, uma vez que chama a atenção para o contraste entre uma "atrevida" evolução que se mostra em conjunto e o empenho de incluir descaradamente clones de MFN e WOL, ditas comerciais. Por fim, alguns seguidores seguem pensando que se a seleção dos temas se houvera realizado de outra forma, o último álbum do Dire Straits, tinha um outro caráter, e um outro destino.

Como discutido acima, Calling Elvis não é dos mais interessante do álbum, mas outra coisa é a versão ao vivo, realmente transformado e brilhante. Como contar que a gravação de vídeo custo 80 milhões das antigas pesetas. E que Knopfler autorizou que se gastar-se o mesmo que custara a gravação de álbum. Mas aconteceu que a gravação do disco foi adiada pela lentidão de Mark. Essa canção surgiu, segundo Knopfler, depois de um comentário que ele fez com seu cunhado sobre como era difícil entrar em contato com sua esposa, porque sempre dizia que era mais complicado do que chamar Elvis.


A canção On Every Street e que dar título do álbum é esquisita, nos aprofundamos em uma atmosfera quase etérea, e, finalmente, nos surpreender com crescendo vibrante. A steel de Paul com o riff de guitarra que nos conduza ao fim, alcançar uma harmonia de arrepiar os cabelos. A estrutura da canção nos faz lembrar daquelas composições onde nos surpreende outro final (where do you think youre going?). A parte final é uma demonstração real de porque Jeff Porcaro foi eleito bateria para esse registro, nada como ele para converer um ritmo de bateria em uma inesquecível passagem.

When it comes to you é um tema que funciona. Knopfler tocou no Notting Hillbillies anteriormente, mas, obviamente, tinha que passar pelo filtro Straits para tirar um pouco o toque hillbilly. O resultado é uma canção fundamental no disco, vamos dizer que é um pouco de ar fresco para disco.

Fade to Black é uma abordagem ao blues ou jazz. Com um som de guitarra magistral e extremamente sensível. Aqui a steel guitar rouba o protagonista, e não será a única vez. Este tema cria um ambiente pouco comum na discografía. Sobre esta canção, Knopfler disse que teve que ajustá-lo muitas vezes, soava muito mais alegre do que deveria. Naquela época, Mark Knopfler era bem conhecido entre seus amigos por seu perfeccionismo.

The bug é uma canção com claras intenções comerciais, aqui Knopfler se limita na guitarra ritmo, toca os bordões como o fez em ocasiões anteriores (walk of life, two young lovers) e permite que o pedal steel toma as rédeas. O álbum foi gravado "ao vivo" (com exceção de alguns overdubs mais tarde), com todos os músicos tocando ao mesmo tempo presente. Isto significava que algumas músicas tinham um monte de tomadas para alcançar o tomada final. É certo que esta peça foi resisitindo aparentemente mais, com um total de 8 tomdas.

You and your Friends é incrível, que pode soar como Brothers in Arms, mas com ênfase renovada. O duelo final entre Franklin e Knopfler cria uma atmosfera verdadeiramente notável. Na minha opinião, é uma das peças-chave do disco. (Eu concordo plenamente)

Heavy Fuel, parece que aqui Knopfler foi forçado a continuar o caminho de Money for Nothing e cria uma outro temapuramente comercial. O texto desta canção faz uma referência ao próprio Money for Nothing. Musicalmente tem pouco a mostrar além de sua intenção comercial.E chegamos a um momento no disco digno de notar, outra peça chave do álbum, falamos sobre Iron Hand. Um desses temas que Knopfler nos expressa toda a sua magia.

Iron Hand é magistral, tanto em texto, onde Mark fala de novas questões políticas e fala de conflitos bélicos como ele fez muitas vezes no álbum Brothers in Arms.

"Bem, ai, nós vimos tudo isso antes

Os mesmo e velhos medos e os mesmos velhos crimes
Nos não mudamos desde os tempos antigos"

Musicalmente falando, a canção é uma jóia, um diamante polido ao mais estilo Knopfler.

Ticket to Heaven, outra jóia da coroa. Com arranjos de mestre, com ar nostálgico Knopfler transporta-nos de volta a este balada com ares Folk e Country, um terreno quase divino.

My Parties é algo mais alegre, com um toque mais perto do pop, um tema que se destaca claramente do resto, e não pela sua grandeza. Na minha opinião, é a música mais medíocre do disco, se não a discografia inteira. Ele teria funcionado perfeitamente como descartes, ainda mais vendo a qualidade dos temas que ficaram de fora.

Não ocorre o mesmo com a seguinte e majestosa Planet of New Orleans, talvez a última grande composição do repertório dos Straits, quase a altura de Telegrap Road e Tunnel of Love. Uma dessas obras épicas, memoráveis para o resto de nossas vidas.

Esta canção surgio em 1979 quando o grupo visitou Nova Orleans pela primeira vez. A canção começa dizendo "Em pé no canto, entre Toulouse e Dauphine" e de acordo com Illsley naquele canto exato era o hotel onde ficaram durante o primeiro contato com a cidade.


How Long é algo mais perto do Country américano, mas com a inconfundível guitarra Pensa distorcida. "Se um europeu, dizer Mark, ouvir How Long, provavelmente vai dizer que é um tema country. Contudo, em qualquer estação country norte-américana, ela seria tiraria de "cena". De qualquer forma, esta mistura é o que tem caracterizado a música Knopfler desde o início, algumas vezes é mais perto de um terrenno do que outro, mas definitivamente, não existe um estilo musical direto.

On Every Street já vendeu mais de 8 milhões de cópias, não atendeu às expectativas de vendas, muito menos se aproximou do sucesso comercial de Brothers in Arms. Talvez porque o Brothes in Arms deixou um legado muito alto, talvez porque foi publicado em outra década ou talvez o estilo do próprio disco. O fato é que se você perguntar próprios seguidores da banda, muito poucos dirá que tem este álbum como seu favorito.

Há o fato de que quando o disco foi lançado, Dire Straits tinha várias semanas de turnê, que iniciou em 23 de Agosto no antigo The Point de Dublin, naqueles concertos os fãs puderam desfrutar com vários temas que não sairam no disco como “Think I love you too much”, e “The long highway”.

Sem dúvida, On Every Street é um álbum de considerar a discografia Dire Straits. Pessoalmente, acho que é mais interessante registros de todos eles. Está gravado com todos os músicos tocando ao mesmo tempo e isso cria uma atmosfera especial. Ele resume todas as mudanças desde o primeiro sucesso Sultans of Swing. Se analizarmos tema por tema, talvez seja um álbum, que contém muitas obras memoráveis. Além disso, o álbum soa muito bom, com uma produção requintada. Na minha opinião, On Every Street é musicalmente mais interessante do que o Brothers in Arms, e alguns outros álbuns da banda. Pode ser o álbum Dire Straits que eu tenha dedicado mais tempo a escutar, talvez porque foi publicado em um momento especial para mim, ou talvez porque o lançamento de outros discos eu peguei com outra idade mas jovem e vivi de forma diferente. O caso é que hoje, posso dizer sem medo On Every Street é o meu álbum favorito da minha banda favorita.
Hoje, 20 anos depois, Mark Knopfler já lançou o mesmo número de álbuns em carreira solo que lançou sob a assinatura do Dire Straits. Às vezes me pergunto se eu gosto mais do Dire Straits ou Mark Knopfler, e eu não tenho resposta para isso, mas creio que o ponto de união entre ambos extremos é o On Every Street. A partir disso, convido qualquer pessoa que não tenha ouvido este álbum, descobri-lo, escute com tranquilidade e encontrará um disco de música de alto calibre. E, claro, a todos os fãs que passaram um tempo sem ouvi-lo, certamente se surpreenderás com ele novamente.

Meu obrigado a Nicolas Gomez pela gentileza, espero que todos tenham apreciado este especial.

Brunno Nunes

2 comentários:

Asouza disse...

Eu acho um disco extraordinário!

Fernandoo disse...

Só não gostei do que ele falou sobre "My Parties" que pra mim é umas das melhores do CD,ela é a música que eu preciso ouvir todo dia!heheheh

Dire Straits

Dire Straits
A voz e a guitarra do Dire Straits ao vivo em Cologne, 1979