sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Tommy Mandel responde.

No início dessa semana eu tive uma grata surpresa! Eu havia mandado um recadinho pra o Tommy Mandel, tecladista que esteve presente na turnê do Love Over Gold-82/83, aquele carinha que mal a gente ver no Alchemy, as vezes que se ver, ele está quase sempre pulando e dançando... ^^

Pois é, eu perguntei sobre suas memórias de sua passagem pelo Dire Straits, se ele poderia me falar sobre a turnê que deu origem ao Alchemy e para minha surpresa ele escreveu um texto rico em detalhes curiosos, como vocês poderão perceber, ao ele abriu o coração para falar a respeito do Dire Straits, justamente ele, que esteve presente na banda em um período bastante curioso, onde não existe material abundante em vídeos, fotos, comparado as outras turnês. (Por sinal, única turnê que os DS estiveram no Japão).

Quero agradecer a Renata Christovão Bottino que gentilmente traduziu o texto que segue:




Brunno: Oi, Tommy. Como vai? Conheço seu trabalho com o Bryan Adams, mas foi com o Dire Straits que o vi pela primeira vez na turnê do Love over Gold. Se não for incômodo, gostaria de saber quais são suas memórias de sua passagem pelo Dire Straits. Você poderia falar do show do qual você participou e que deu origem ao Alchemy?
Cordialmente



Tommy Mandel: Oi, Brunno. Aprendi muito com o Dire Straits sobre a dinâmica e a sutileza de tocar. Foi a primeira vez também que tive a sorte de ir à Austrália, Nova Zelândia e ao Japão. (Desde então, estive lá muitas vezes, mas não recentemente.)
John Illsley era um grande gentleman, muito alto e sempre preocupado em proteger a qualidade do Dire Straits e se todos estavam felizes e eram capazes de fazer o melhor. Como segundo cantor e baixista ele era o único membro original do Dire Straits que ainda estava na banda com Mark. Terry Williams era o novo baterista. Éramos os caras novos e passávamos muito tempo juntos. O pai de Terry tinha uma banda em que Bonnie Tyler cantou no País de Gales em outros tempos. Ele adorava tocar bateria no simples estilo “Rockpile”. Era incrível quando ele fazia isso, mas nesta turnê Mark queria que ele tocasse num estilo mais impactante! Terry fez isso, era um cara sensacional também. Hal Lindes era americano antes de se mudar para a Inglaterra e entrar para o grupo dois ou três anos antes de mim. Quando entrei para a banda ele era casado com Mary, uma mulher maravilhosa que foi casada com Peter Frampton. Todas as garotas amavam o Hal porque ele era tão jovem e bonito. Mas é claro que ele também tocava muito bem! Alguns anos depois ele me ligou e nos encontramos em Nova York e fizemos música juntos lá. Todos tocavam muito bem, mas meu músico favorito tinha que ser o Alan Clark, o tecladista que tinha colocado tantas partes no CD Love Over Gold que eles precisavam de um segundo músico na banda para garantir que todas ou quase todas as partes pudessem ser tocadas ao vivo, e esse músico era EU! O Alan realmente tem um toque sensacional no piano, no órgão, no sintetizador, em tudo em que ele toca na verdade. Ele também já tocou com Eric Clapton. Alan foi ver nosso show com o Bryan Adams na cidade natal dele, Newcastle On Tyne. Ele sempre foi um super amigo, um grande irmão para mim, e eu ficava feliz em ter orientações dele porque, bem, ele era tão talentoso e tão legal. E engraçado também. Meio James Bond, mas não tão alto e moreno. Ele estava economizando para comprar um Audi durante essa turnê e sei que o Alan conseguiu depois porque o DS era muito profícuo. Mel Collins tocou sax nesta turnê . Ele tinha tocado com o Tears for Fears e tinha boas histórias para contar sobre eles. Ele realmente era um bom saxofonista. Teve que dar umas aulas de sax para o Mark depois das passagens de som porque Mark gostava mesmo do sax — achava que era um instrumento muito expressivo. Joop de Korte, outro cara legal, tocava percussão. Eu me encontrei com ele em Nova York há alguns anos. Ele é holandês, mas agora mora nos EUA, eu acho.
Peter Granger, o engenheiro de mixagem de som era um gentleman inglês. Parecia quase um professor quando falava. Morreu tragicamente de um jeito de cortar o coração. A filinha dele correu para rua e ele se jogou e a empurrou para um lugar seguro, mas não teve a mesma sorte e o carro o matou. Ele e a mulher Nancy, que nasceu nos EUA, fizeram um jantar maravilhoso para mim quando estávamos fazendo muitos ensaios em Greenwich em Londres, que eram necessários para harmonizar as partes de um show tão grande. Pete Brewis era o roadie do Mark. Ele tinha os olhos mais tristes, mas com certeza conhecia bem as guitarras! Steve Flood era o cientista–sabia tudo sobre a magia da eletricidade fazia nossos instrumentos e luzes. Estava sempre com um sorriso no rosto como se soubesse algo que desconhecíamos, o que provavelmente era verdade! Charles Herrington era o ótimo iluminador (a iluminação era muito importante para o Mark Knopfler nesta turnê provavelmente sempre foi.., mas a atmosfera que criaram representava uma grande parte nesse show, com canções longas como Telegraph Road e misteriosas como Private Investigations.) Acho que o Charles se mudou para Hoboken, NJ, EUAhá algum tempo. Ron Eves era meu técnico de teclado (e do Alan Clark também) era um engenheiro aeroespacial que fingia ser um comediante. Ou talvez um comediante que era um engenheiro aeroespacial como hobby. Tinha muito que fazer o Synclavier, dois Prophets, um Yamaha GS-1, um órgão Hammond B3, a órgão Korg CX3 clonewheele de qualquer forma sempre funcionava! Paul Cummings era o Produtor de Turnêou Gerente de Turnê, Eu esqueci qual era o cargo exato, mas ele era amigo, civilizado, eficiente, e ficaze eu gostava muito dele! Ficávamos em ótimos hotéis, bebíamos bons vinhos e víamos lugares maravilhosos e exóticos e tocávamos músicas muito boas. Consegui conhecer a Lady Di e o Príncipe Charles. Eu te conto isso em outra hora. O Duran Duran estava lá naquela noite, mas não sou um grande fã deles. Com exceção do guitarrista base, que dançava de maneira muito legal enquanto tocava! Andy Taylor, eu acho. O empresário, Ed Bicknell, também era super engraçado. Ele começou tocando bateria na banda do Mark Knopfler antes do Dire Straits! Um dos agentes de promoção, Paul Crockford, depois conseguiu que eu ficasse nos bastidores de um show do Roger Waters em Nova York e consegui encontrar o Eric Clapton novamente lá. Obrigado, Paul! 
Mick Jones, do Foreigner, não meu amigo de mesmo nome do Clash, tinha um irmão chamado Kevin, que continuou a ser o principal programador de sintetizador do Nile Rogers. Quando fizemos a turnê e gravamos o Alchemy, Kevin tinha tarefas difíceis, mas sempre as cumpria, e nunca perdeu a compostura. Tínhamos que nos ater a nossas partes— nenhuma nota era espontânea. É algo que nunca entendi na banda, mas com sete músicos, e música que realmente tem estilo para recriar suponho que essa tenha sido uma decisão do Mark Knopfler. Por mais que deva ter sido necessário, isso tirou um pouco da graça daquilo que ainda era um grande sonho que se tornou realidade. Mas sabe, quando se está sonhando, quando se está dentro dele nem sempre você sabe que é um sonho. Espero que esse texto responda algumas das suas perguntas, Brunno, se cuida e obrigado por dar uma passada aqui! -™

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  • Brunno Nunes

    Hello Tommy, how are you? I know his work with Bryan Adams, however, was by Dire Straits you first saw during the tour of Love over Gold-1982/1983, if not uncomfortable, what are your memories of your passing by Dire Straits, could tell me something about the tour you took that led to the show Alchemy.
    Fraternally

  • Tommy Mandel

    Hi Brunno! I learned so much in Dire Straits, about dynamics and subtle playing. That was the first time, also, that I was lucky enough to go to Australia, New Zealand, and Japan. (Since then, I've been there many times, but not lately!) John Ilsley was a great gentleman, very tall, and always concerned that the quality of Dire Straits be protected, and that everyone was happy and able to do their best job. As the bassist and 2nd singer, he was the only other original member of the Straits that was still in the group with Mark. Terry Williams was the new drummer: we were the new guys, and we spent a lot of time together. His father had a band that Bonnie Tyler used to sing for, in the old days, in Wales! He loved to play simple "Rockpile" style drums, and was amazing whatever he played, but for this tour, Mark wanted him to play in a style that was more dramatic. He did it! He was a great guy too. Hal Lindes had been an American before moving to England and joining the group two or three years before I did. When I joined with the group, Hal was married to Mary, a lovely lady, who used to be married to Peter Frampton. All the girls loved Hal, because he was so young and cute. He played very very well too, of course! Some years later, he called and we met up in NYC and did some music there. Everyone could play great, but my favorite musician in the group would have to be Alan Clark, the keyboard player who had put so many parts on the Love Over Gold CD, that they needed a 2nd guy in the band, to make sure that all, or most of the parts could be played live, and that was ME! Alan has a really great touch on the piano, and the organ, and the synthesizer, everything he touches, actually. He's played with Eric Clapton too. He came to see our show when Bryan Adams played his hometown, Newcastle On Tyne, and it was great to see him. He was always superfriendly, in a big brotherly way to me, and I was happy to take directions from him, because, well he was so talented, and also so nice. Funny too. He was kind of like James Bond, but not quite as tall or dark. He was saving up for an Audi during that tour, and I know he got it afterwards, because DS was pretty generous. Mel Collins played the sax on that tour, and he'd played with Tears for Fears, and had some good stories to tell about them. He's a really good sax player. He had to give Mark Knopfler sax lessons after soundchecks, because Mark really liked the saxophone - he thought it was such an expressive instrument. Joop de Korte, another cool dude, played percussion. I ran into him in NYC a few years back. He's from Holland, but lives in the States now, I think. Peter Granger, the front-of-house sound mixer, was an English gentleman, he almost sounded like a professor when he talked. He tragically passed away in a heart-breaking way. His tiny daughter strayed out into the street, and he dove after her, and pushed her back to safety, but he wasn't as lucky, and the car ended his life. He and his American born wife, Nancy made me a lovely dinner in November, when we were doing the many rehearsals in Greenwich, London, which were necessary to put such a large show together. Pete Brewis was Mark's roadie. He had the saddest grey eyes, but he sure knew his guitars! Steve Flood was the boffin - he knew all about the electrical magic that powered our instruments and lights. He always had a smile on his face, like he knew something that you didn't. Which was probably true! Charles Herrington was the cool lighting designer (the lights were very important to Mark Knopfler that tour, probably always...but the atmosphere they created was a big part of that show, with long songs such as Telegraph Road, and mysterious ones like Private Investigation.) I think Charles moved to Hoboken, NJ, USA a while back. Ron Eves was my keyboard tech (and Alan Clark's too) - he's a rocket scientist that pretended to be a comedian. Or maybe a comedian who was also a rocket scientist as a hobby. He had so much to do, with the Synclavier, 2 Prophets, a Yamaha GS-1, a Hammond B3 organ, a Korg CX3 clonewheel organ, and somehow, it always worked! Paul Cummings was the Road Manager, or Tour Manager, I forget exactly what his title was, but he was friendly, civilized, efficient, effective and I liked him a lot! We stayed at fine hotels, drank good wine, saw lovely and sometimes exotic sights, and played some pretty good music. I got to meet Lady Di and Prince Charles. I'll tell you about that some other time, but it was fun. Duran Duran was there that night, but I'm not a huge DD fan. Except the rhythm guitarist could really move cool while he played! AndyTaylor, i think he was. The manager, Ed Bicknell, was super funny too. He started out drumming in Mark Knopfler's band before Dire Straits! One of the Promoter's Agents, Paul Crockford, later on, got me backstage at a Roger Waters show in NYC, and I got to meet Eric Clapton again there. Thanks, Paul! Mick Jones, from Foreigner, not my friend of the same name from Clash, has a brother Kevin, who went on to be the main Synthesizer Programmer for Nile Rogers. When we toured and recorded Alchemy, Kevin had some hard chores to do, but he always got em done, and never once blew his cool. We had to stick to our parts - there wasn't one note that was spontaneous. That's what I kind of didn't understand about that group, but with 7 musicians, and really classy music to recreate, I guess that was Mark Knopfler's decision. As necessary as that must have been, it took some of the fun out of what was still, pretty much, a dream come true. But you know, when you're having the dream, when you're IN it, you don't always know it's a dream. Hope this answers some of your questions, Brunno, take care, and thanks for stopping by! -™

    Foi uma honra essa oportunidade, ele foi muito gentil comigo. Em contrapartida, eu elaborei, nove questões para perguntar ao Tommy Mandel, caso ele aceite responder. São algumas questões acerca desse período em que ele esteve com o Dire Straits, questões pertinentes das quais existem pouca informação, tais quais:

    1- Como surgiu a oportunidade de participar da Love Over Gold Tour 82/83?

    2- Qual o motivo de sua saída?

    3- Existe algum show da LOG tour que você gostaria de falar a respeito?

    4- A respeito da canção It Never Rains, sabemos que ele só foi tocada ao vivo apenas nos shows de 1982, início da LOG tour. Você sabe a razão dessa maravilhosa canção não ter seguido no decorrer da turnê?

    5- Nas primeiras versões da canção Tow Young Lover ao vivo em 1982 não havia sax, contudo, após 3 minutos da canção, no momento em que teria o solo do sax, havia um sintetizador fazendo essa parte do solo, eu tenho uma gravação em áudio dessa época onde Mark aponta você como o solista. Poderia falar sobre a dinâmica entre você e Alan Clark? 

    6- O que você poderia falar a respeito do Alchemy? Até que ponto ele exprime com fidelidade a energia da Love Over Gold Tour? 

    7- Quanto ao show Alchemy, sabemos que ficaram de fora do lançamento oficial deste álbum, canções típicas do setlist e que foram tocadas naquelas duas noites, 22/23 de Julho de 1983, foram elas: Industrial Diseases, Love Over Gold (ausente do lançamento em LP VHS,LD DVD,Blu Ray), Twinstting by the Pool e a cerja do bolo, Portobelo Belle. Qual a sua opinião a respeito?

    8- Qual sua canção predileta no período em que esteve no Dire Straits?

    9- Após sua saída, houve outros momentos em que esteve com Mark Knoplfer? Qual a sua relação com Knopfler?


    Outras questões como:"o que ele acha do MK como musico, se realmente é o gênio que todos acham, na opinião dele". Sugerida pelo amigo Ednardo; "se a "ala dos teclados" tinha autonomia pra bolar arranjos, propor mudanças, e se ele alguma conseguiu propor algo que foi incluído no repertório". Sugerida pelo amigo Marcos.

     Outra que acebei add: A Love Over Gold tour foi a única turnê do Dire Straits que esteve no Japão. Vocês fizeram quatro noites lá, foram elas: 02.04.1983, 03.04.1983, 04.04.1983 in Seineken Hall Tokyo Japan and 05.04.1983 Expo Hall Osaka Japan. Não existe até então nenhuma foto dessas ocasiões, você poderia falar um pouco do que se lembra desses shows?

    Achei de bom senso perguntar um pouco algo sobre o presente, tipo, se ele está trabalhando em algum projeto atualmente, se ele já veio ao Brasil e se conhece algo da música brasileira. Outra pergunta, para fechar com 15, eu pensei> O que você acha do trabalho de Mark Knopfler desde que se lançou em carreira solo em 1996?

    Enfim , eu acabei de enviar as perguntas, ele vai analisar, vamos aguardar e tomara que ele responda, e dessa forma eu postarei aqui para todos vocês.


    Brunno Nunes.







4 comentários:

Asouza disse...

Valeu demais! Uma das fases que eu mais gosto do Dire Straits! Tomara que o Tommy responda o que ele lembrar dessas outras questões. Um abraço e continue com esse maravilhoso blog.

Anônimo disse...

Tem nada ver com o seu post Brunno , mas assista, acho que vc , assim como eu e todo grande fã do Dire Straits, apreciaria esse cover aqui, é de uma gringa. Muito bacana a inovação da gaita na música:

http://www.youtube.com/watch?v=iLNZhH0eCeg

Anônimo disse...

Porra Brunão... Novembro.
Posta uma novidade aí bicho. Passou da hora.

Ronaldo disse...

O Mark deve ser muiitooo autoritário, hein... Considerando que não mereceu nenhum elogio do Tommy..

Dire Straits

Dire Straits
A voz e a guitarra do Dire Straits ao vivo em Cologne, 1979