segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Dire Straits- Werchter festival" 1981





Não podia deixar de fazer alguma consideração a respeito desse show, pois ele é bastante representativo no tocante a Making Movies tour.



Werchter festival foi o penúltimo show dessa turnê e é um concerto especial por vários motivos, 1- É o último registro em vídeo com Pick Whiters na banda; 2- O timbre da guitarra de está diferente nesse show e sobre isso, Ingo Raven fez um excelente artigo, o qual vale apena conferir> http://www.mk-guitar.com/2015/09/14/strange-guitar-sound-on-the-werchter-1981-recording-did-mark-mix-direct-out-and-microphone/





A ordem das canções não está correta, a emissora de tv editou e transmitiu dessa forma.
Infelizmente até o momento não foi liberado a transmissão desse concerto na integra, (eu não sei se realmente existe), ao menos existe a transmissão de rádio que é quase 100% na integra, com exceção das três últimas músicas que foram gravadas por alguém na plateia.


Reparem que após o final de Expresso Love ainda há podemos ter um vislumbre da introdução de Down to the Waterline, infelizmente foi cortada. Em seguida, há uma parte instrumental, erradamente é vista por muitos como Private Investigations (instrumental parts), um equivoco, pois trata-se do final da música News e nada mais que isso, basta conferir qualquer versão de News nessa turnê possui esse final, que futuramente foi usado para Private Investigations.



Estranhamente Lions não aparece nem na transmissão de rádio desse concerto, isso é muito estranho, uma vez que ela está presente em todos os bootlegs completos dessa turnê. Eu acredito que sem dúvidas ela foi tocada em Werchter festival" 1981, não vejo razão de não tocarem, quem sabe um dia surge algum registro dessa versão.



Momentos curiosos ocorrem nesse curto registro, notavelmente a banda está em um êxtase, Mark e Pick bem mais descontraídos do que normalmente, a dança que Pick faz na introdução de Expresso Love é no mínimo inusitada, ele sai correndo e mostra sua bunda pra câmera e sai rebolando, Mark não segura os risos e neste show está bastante comunicativo com a plateia. Logo em seguida, no final de Sultans of Swing, Mark vem andando numa especie de passarela no palco e vai até o cameraman e faz uma graça, então volta correndo, mostrando muita empolgação. Enfim, são momentos únicos, fico imaginando o que deve ter acontecido de inusitado neste e em outros concertos que não foram filmados. É uma pena não ter sido filmado na íntegra, considero que Werchter festival" 1981 está no top 10 dos concertos mais importantes do Dire Straits.


Confiram o áudio completo desse maravilhoso concerto.




Brunno Nunes.

domingo, 29 de novembro de 2015

Um olhar sobre a Making Movies tour 1980-1981.- (Revisado e atualizado)


Já que é a turnê que vem sendo menos votada, atualmente com 4 votos, apenas 8% , eu vou tentar dar uma "moralzinha" a essa turnê.  ^^


Nesse tópico, tentarei destacar com profundidade alguns aspectos que vão ajudar a entender melhor a turnê do Love Over Gold.

Para isso, devemos mergulhar profundamente na turnê do Making Movies ou On Location tour- 1980-1981.




1-  Para compreender melhor o Dire Straits durante o álbum Love over Gold e respectiva turnê é preciso conhecer bem a turnê do Making Movies (1980-1981). Em Making Movies houve uma clara mudança estruturais, das quais influenciou imediatamente a sonoridade da banda. A ruptura com a sonoridade Fender Stratocaster dos irmãos Knopfler, a adesão das Schecters, (segundo Knopfler, uma guitarra mais potente e sofisticada), a entrada de dois novos membros, sendo um desses, um novo instrumentista, um tecladista, pianista, um músico que vai mudar pra sempre a sonoridade do Dire Straits, é claro que vocês sabem de quem estou falando, Alan Clark. Suas contribuições são imensuráveis, membro ativo no processo de construção e reconstrução de uma gama de canções antes e contemporâneo ao seu período na banda.

1.2-  Fazendo um pequeno recorte temporal, observamos a turnê do Making Movies 1980-1981 e algumas de suas características mais marcantes. É fato que tal turnê se configura como o período experimental, basta analisar na integra qualquer bootleg do início da turnê em 1980 (Boston 1980) e um outro na íntegra em 1981 (The best rock 'n' roll orchestra), é de certa forma impactante ouvir as canções dos dois primeiros álbuns adaptadas ao novo formato da banda, tendo o protagonismo categórico do Alan Clark. Eu costumo dizer que ele é um autentico criador de atmosferas sonoras, habilidoso como todo gênio, sensível e criativo, perfeito para o Dire Straits. Knopfler tinha um grande aliado no processo de suas canções. 


(Alan Clark recém chegado ao Dire Straits- Setembro de 1980. Uma dupla implacável com alto teor de criatividade, em prol da boa música)

Sobre sua entrada para o Dire Straits.

Para incrementar, retirei um trecho retirado da biografa autorizada da banda, por Michael Oldfied, vejamos o que Alan disse sobre sua entrada aos DS:  "Eu conhecia a banda, muito embora não me despertasse grande interesse, porque era só guitarras. Mas não desagradava. Eu e o Mark trabalhamos as partes de teclado em conjunto. Por vezes, eu tocava uma coisa e ele dizia, ‘ótimo, usa isso’. Achei-o bastante cordial.”

(Lembremo-nos que na altura, ele estava falando especificamente dos dois primeiros álbuns, pois eram os únicos lançados até então.)

2- Vejamos agora o repertório de um show da On Location tour- 1980-1981

Once upon a time in the west
Expresso love
Down to the waterline
Lions
Skateaway
Romeo and Juliet
News
Sultans of swing
Portobello belle
Angel of mercy
Tunnel of love
Telegraph road
Where do you think you're going?
Solid rock

Outras canções interpretadas nessa turnê: (Em 1980)
Les Boys
In the Gallery
Wild West End
Single handed sailor

Observem as canções em negrito que destaquei, é através delas que irie abordar essa turnê e no final vocês vão entender melhor essa turnê, bem como a conseguinte, LOG tour 1982-1983. Percebam que elas são canções dos dois primeiros álbuns. Essas 11 canções tiveram suas estruturas alteradas, novos arranjos foram experimentado em ambas, é uma turnê extremamente curiosa por haver mudanças substanciais, pois além da apreciação das canções novas, oriundas do álbum em que a turnê se baseava, o público iria contemplar TODAS as outras canções em um novo formato. As mudanças mais expressivas estão a meu ver em disparada na canção Angel of mercy, completamente reformulada, mudam-se as notas, a interpretação, os arranjos, mais parece uma outra canção, pouco se assemelha a versão de estúdio. Mark usa sua Burns Baldwin de 12 cordas.










(Sem dúvidas a melhor versão dessa canção nessa turnê)


Destacaria ainda a canções como Single handed sailor, In the Gallery, ambas ganharam uma atmosfera que flerta com o Funk, (o groove sempre foi uma constante na formação original) razão pela qual, essas duas canções em essência funcionam melhor,em minha opinião, com a formação original, a começar pelo fator timbristico, elas simplesmente acontecem com uma Fender Stratocaster.








Para além, temos uma Portobello belle em um ritmo mais acelerado, mais Rock.

Ao que tudo indica, Mark usa sua Telecaster Custom (sunbust) no começo da turnê, ainda em 1980,


Podemos ver o capotraste na guitarra de Mark Knoplfer em ambas as fotos, sempre presente na 5º casa. Se não for Portobello Belle, meu palpite é que seja Wild West End, pois ela foi tocada apenas nos shows de 1980, afinal, ambas são da mesma "família", não era a toa que em 79 havia uma ponte entre elas presentes nos shows da segunda turnê Americana em diante.


Sabemos que nos shows de 1981, Mark usa uma Rickenbacker em Portobello Belle, abaixo algumas fotos raras que disponibilizo para análise e apreciação de algum momentos dessa canção em 1981.


 Momento do solo final executado por Hal Lindes.





(Aqui está uma outra foto rara do backstage em Vigorelli, Milan, Itália, 29 de Junho- 1981, onde podemos observar as guitarras. Destacando a sua Rickenbacker.)






 Porém, das inovações que marcaram esse período experimental, a meu ver, o maior mérito está no que a banda fez por essas 4 canções Down to the waterline, Lions, News e Where do you think you're going. Se alguém me perguntar, as versões de Down to the Waterline que eu mais gosto, eu responderia que as versões da formação original, aquele efeito das buzinas de navio que Mark faz no começo da introdução, os efeitos de phaser por David Knopfler e o timbre das Fenders são coisa impagáveis, (a versão do bootleg Amsterdam 79- (04-11-79) possui a melhor introdução de todos os tempos dessa canção.) contudo, eu não posso esquecer que Alan Clark vem ambientar essa canção de uma forma brilhante, ora com o sabor "aveludado" do órgão hammond, ora com lindas passagens de piano.



A versão do Live in Dortmund- 1980 é valiosa para análise. É cabível citar que essa levada, com um ritmo mais rápido, (diferente por exemplo da versão do Rockpalast 79), esse formato teve sua origem ainda no final da turnê do Communiqué, basta conferir a versão do BBC Arena (formação original), nessas versões, podemos nos deparamos com diferentes  nuances, a começar do clima mais definido de progressivo no ar, justamente na introdução, por outro lado, o timbre da sua Schecter em 1980 ainda não estava bem definido, apenas em 1981 ele muda a captação dela e ai fica um pouco mais aprimorado, contudo, ainda nada comparável ao timbre que vai ocorrer na LOG tour.

Mas, para mim a cereja desse bolo é Lions. É aqui que algumas coisas surgem de forma mais substancial em termos de atmosferas sonora. Nas versões de 1980 contemplamos uma ponte perfeita entre Down to the Waterline e Lions, além disso, uma enfase no órgão hammond vai deixar a canção mais sofisticada. Outros dois pontos que chamo atenção nessa canção é (1) a adição de novos acordes para o final, outrora era feito em A (versões da formação original), nesse período a banda adicionou o acorde de F e G, ficando a seguinte sequencia F-G-A. Isso pode parecer bobagem, mas resulta em um novo clima para a canção, para maior absorção dessas nuances eu estou deixando o show Dortmund 80 com uma boa qualidade. Na descrição do vídeo, cliquem em 03. Lions [00:15:01] e vão direto ao ponto. Reparem a construção harmonica que vai iniciar no ponto 18:50 min., justamente quando inicia o solo, percebam como essa atmosfera que vai se criando, principalmente quando chega as mudanças de acordes ( F-G-A), vai remeter ao solo final da canção It Never Rains ao vivo em 1982!




Em 1981:



Ainda sobre Lions (2), em 1981, ainda com muito gás, eles aprimoram a introdução, a canção fica mais sofisticada, ainda mais ambientada, percebam os sons de sinos logo na abertura da canção, tudo feito por Alan Clark. É lindo de ouvir, sabendo que eles estão manifestando na parte instrumental elementos que fazem parte da letra: (Church bell clinging on trying to get a crowd for evensong), os sinos da Igreja de St Martin in the Fields, em Londres. Por isso que sempre que eu ouvia Lions ao vivo em 81 associava com aqueles sons de órgãos sempre presentes em mosteiros beneditinos, bem como igrejas anglicanas. Percebam que esse órgão vai se fazer presente no fundo musical da canção inteira, ele começa a ganhar mais enfases no fim do primeiro solo e início da última estrofe, depois Alan usa o piano, enfim... é mais uma canção de rara beleza que teve seu último suspiro nessa turnê.





(Reparem o final de Lions em estúdio, ou ao vivo entre 78/79 e depois ouçam atentamente a introdução da canção Communiqué) ^^

News e Where do you think you're going, ambas vão ganhar novas texturas e consequentemente, novas atmosferas. News será apresentada com um mudança de acorde, ao invés do segundo acorde de Bm é tocado o acorde de G, suponho que tenha ligação com a função de notas relativas, deixo essa parte para os mais capacitados do que eu para abordar (Arthur, meu filho, cade você). Pequenos detalhes que somados a outros vão criando um novo clima e a canção vai amadurecendo, a canção é interpretada com mais calor, não obstante, outras grandes novidades acontecem em News, especificamente em seu final. Nesse ponto eu gostaria de chamar muito a atenção de todos, pois reside aqui um grande elo de ligação com o próximo álbum (Love Over Gold) bem como sua turnê, o final de News vai originar um dos maiores clássicos do Dire Straits. Tendo como referência a versão de News do show em Dortmund 1980, vemos perfeitamente o por quê dessa ser uma fase realmente experimental, observando o final de News, a gente consegue deduzir a razão dessa canção não ter continuado na próxima turnê. Knopfler simplesmente aproveitou a construção feita em seu final no decorrer da turnê e quando foi elaborar o próximo álbum, Love Over Gold, usou a melodia feita para o final de News para ser o final de uma nova canção, Private Investigations. Evidentemente que a presença de Alan Clark, mais uma vez, foi fundamental no processo de criação.


Where do you think you're going, canção sempre muito aguardada nos shows dessa fase, a banda consegue realizar um feito realente impactante, novamente, Alan Clark é quem vai dar o tom diferencial, ele vai criar novamente uma atmosfera incrível junto com Mark. Observem que a canção vai ganhar dois momentos com solos extras, um feito por Alan e seu sintetizador e em seguida Knopfler executa um outro dramático solo antes da última estrofe. O solo final é de fato tocante e apoteótico, podemos apreciar nessas duas impecáveis versões:







(Admito que Lions e Where do you think you're going são as minhas prediletas dessa turnê.)


Como vocês perceberam, eu fiz questão de usar apenas as canções dos dois primeiros álbuns para trazer novas perspectivas acerca desta turnê, fundamental para poder compreender melhor o que é o show Alchemy, bem como toda a LOG tour 82-83.

De toda essa safra de canções que abordei, as únicas que sobrevivem e seguiram para a turnê do Love Over Gold foram: Once upon a time in the west, Sultans of swing e Portobello Belle. 

A experiência que a banda adquiriu na turnê entre 1980-1981 serviu de alicerce tanto para a produção do novo álbum, como para a estruturação da LOG tour.. Once upon a time in the west, Sultans of swing e Portobello Belle foram novamente reformuladas na LOG tour 1982-1983 e na minha opinião, chegaram em seus respectivos apogeus, ápices, status quo. Para mim, a LOG tour 1982-1983 representa o equilíbrio perfeito, tanto da estrutura da banda, como a estrutura de todas as canções tocadas nessa turnê, com a única exceção, Private Investigations, eu amo as versões de 82-83, mas tenho que reconhecer que esta foi amadurecendo até 1992, dez anos depois de ser escrita, é na OES que ela atinge seu clímax maior, também é uma questão de opinião.

Entretanto, o Dire Straits durante a Making Movies tour mantém uma notável e natural conexão com os dois primeiros álbuns, o que torna uma turnê muito especial do ponto de vista de se observar como soam as canções mais antigas com as novidades que a banda estava disposta a trazer em sua sonoridade, com a inclusão de um tecladista, este que só veio somar ao que já era bom e elevar a sonoridade da banda a um patamar sem precedentes durante os anos 80' e início dos anos 90'. Outro ponto fabuloso é que esta é a última turnê com o grão mestre das baquetas, Pick Whiters, ele é a grande força que vai manter o elo entre os novos e os velhos Dire Straits, todas canções soam com uma pegada inimitável, sempre rico em sutilezas.



É interessante notar que  o mesmo processo que ocorreu com as canções dos dois primeiros discos durante a turnê de 80-81, acontecerá com as canções do Making Movies durante a turnê do Love Over Gold 82/83, Expresso Love, Romeo and Juliet, Tunnel of Love e Solid Rock ainda mais lapidadas e melhor estruturadas. Eu diria que Romeo and Juliet e Solid Rock em seu melhor formato, Expresso Love e Tunnel of Love são magnificas na LOG tour, mas, reconheço que foi na BIA tour 85/86 que ambas atingiram seu apogeu!

Notem esse detalhe, uma característica marcante que a banda já mostrou, desde a segunda turnê, sempre procuraram ousar e transformar suas canções. Knopfler segue sua carreira solo com essa caraterista também, contudo, de maneira bem mais modesta e discreta.





Enfim, essas foram as nuances da MM tour 80-81 que gostaria de trazer para vocês, eu espero que tenham gostado, não deixem de comentar aqui no blog suas considerações, criticas, é muito importante é para mim, eu não seria completamente feliz guardando minha experiência de fã apenas para mim, gosto de compartilhar, por isso criei esse blog há 8 anos e venho tentando trazer luz há vários  aspectos que compõe o Universo Dire Straits!

E guardem, eu ainda voltarei com mais novidades sobre o Dire Straits e a turnê do Love Over Gold.



(Dire Straits no sertão pernambucano, Maio de 1981. Brincadeira ^^ )

Fraternalmente

Brunno Nunes.

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Especial- Love Over Gold Turnê 82/83!







Hoje irei fazer algumas considerações a respeito de um período que considero bastante importante do Dire Straits, especialmente no que diz respeito a estrutura da banda e um certo "modus operandis" que vai predominar até a carreiro solo do Mark Knopfler, chegando aos dias atuais. É nesta turnê que pela primeira vez a banda contará com dois tecladistas, e é interessante perceber que essa estrutura se manterá até a última turnê do Dire Straits e se estenderá em toda carreira solo de Knopfler.

(O motivo que me fez escolher abordar essa fase da banda, é que a enquete (Vote em sua turnê predileta!) vem mostrado que a turnê 82-83 é a queridinha da maioria, (atualmente, ganhando com 15 (36%) dos votos). Eu não sei quais sãos os critérios, talvez por ser a turnê que deu origem ao concerto Alchemy e isso exerça um valor sentimental, enfim, eu gostaria de saber das motivações, portanto, peço que não deixem de comentar nesse poste, o que achou de minhas considerações e se essa é realmente a sua turnê predileta, conte-nos a razão!) ^^




A Love Over Gold tour 82/83 é definitivamente um período marcado por grandes mudanças sonoras e estruturais na banda, do surgimento de uma simples bandana, ou faixa na testa do Mark Knopfler, (algo simples, mas, que veio se tornar marca registrada do Dire Straits), a inclusão de novos membros na banda, portanto, o surgimento de novas atmosferas que darão luz a outras versões ainda mais lapidadas, estou falando de diamantes sonoros do quilate de Once Upon a Time in the West e Portobello Belle. A primeira atingiu seu apogeu nessa turnê e nunca mais foi interpretada, a segunda, também atinge o seu ápice nesse período em uma versão definitiva, é quase uma materialização da letra, genuinamente um Reggae Irlandês,(como Mark sempre cita enquanto está introduzindo essa canção) com pitadas de música caribenha e certamente, uma boa pitada da música JAMAICANA Calypso.

O Dire Straits sempre foi uma banda com "cartas na manga", dinâmicos e ecléticos, não obstante, autênticos e discretos.


Se você analisar as três primeiras turnês, que correspondem aos (Early years 1978-1981), perceberá que a Love Over Gold tour 82/83 vai culminar no encerramento de um ciclo, exatamente com o último show dessa turnê, o Alchemy. Dai em diante, é notório que raramente alguma música do segundo álbum, Communiqué se fará presente em um repertório tanto do Dire Straits como da carreira solo de Knopfler, é como se da turnê do Brothers in Arms em diante houvesse um real rompimento com as raízes da banda.

Em certo sentido isso já ocorrera na própria turnê do LOG, vemos que o novo baterista, Terry Williams, não quis em nenhum momento imitar ou se assemelhar ao seu predecessor, Pick Whiters, pelo contrário, Terry trouxe seu estilo e inevitavelmente deu um novo sabor e energia as canções dos quatro primeiros álbuns, apesar disso, as músicas estavam lá, a exemplo de  Once Upon a Time in the West e Portobello Belle, que são da formação original.


Após o fim do On Location tour em 6 de Julho de 1981, em Luxemburgo, Mark Knopfler começou a escrever as músicas para o próximo álbum dos Dire Straits. Alan Clark (teclados) e Hal Lindes (guitarra), que se juntou à banda para o On Location Tour, também estaria envolvido com o novo álbum.




Sobre isso, é válido citar que o álbum Love Over Gold foi realizado tendo como base a formação da turnê de 1980-1981, adicionando os músicos de estúdio contratado: Mike Mainieri - marimba, vibrafone e Ed Walsh - sintetizador.

(Não podemos nos esquecer que a épica Telegraph Road já vinha sendo interpretada na On Location tour em seu formato mais primitivo.)




Em seu comentário para Rolling Stone revista, David Fricke deu ao álbum quatro de cinco estrelas, e fez as seguintes declarações a respeito do Love Over Gold.

"Two drastically different moods dominate the new album. One is sharp and fiery (like the bolt of lightning on the cover); the other is soft and seductive. That dichotomy is particularly explicit in "Private Investigations", a long, unorthodox ballad in which Knopfler plays a private detective hardened by a life of combing through other people's dirty laundry. Over a discreet synthesizer ring, gurgling marimba and a delicately plucked acoustic guitar, he grumbles into his whiskey glass like Bob Dylan in a trench coat: "You get to meet all sorts in this line of work Treachery and treason There's always an excuse for it," he recites in a raspy nicotine snarl. Then John Illsley sounds a quiet warning with a stalking bass line before the song erupts in dramatic bursts of guitar gunfire and tragic-sounding piano playing. This wracking schizophrenia between the heart and the heartless, the loving and the pain, has always informed Knopfler's songs and arrangements. Love Over Gold, however, finds Knopfler casting further than ever for ways to articulate the frustrations that color his romantic streak."

"Fricke praised the album's centerpiece, "Telegraph Road", which he characterized as a "challenge to the average pop fan's attention span" with its "historic sweep and intimate tension".[4] The theme of the building of America and the dashing of one man's dreams "enable Knopfler to deploy a variety of surprising instrumental voices, from the synthesized sunrise whistle at the beginning to the baroque piano motif in the middle."[4] Fricke concluded that "in a period when most pop music is conceived purely as product, Love over Gold dares to put art before airplay."




Aqui está o novo formato do Dire Straits nesse período. Com essa formação se estabeleceu a turnê que deu origem ao primeiro álbum ao vivo do Dire Straits,  Alchemy. De fato, melhor momento não havia, a banda estava em forma muito criativa, já tinham acumulado a experiência de três turnês bem sucedidas. Chama atenção o fato de que os pianos e sintetizadores reinam em absoluto, tanto nessa turnê, como no álbum que deu origem, tem muito da assinatura do extraordinário tecladista, pianista, Alan Clark, o Alchemy faz jus ao que afirmo.




O show Alchemy é o exemplo mais claro do que foi essa fase, um extraordinário registro, (embora até hoje tenha a ausência de canções que fizeram parte do repertório da turnê e que foram tocadas naquela noite, Industrial Diseases, Love Over Gold, Twistting by the Pool e Portobello Belle, mas isso é assunto pra outro momento)  muito importante, pois revela o potencial do Dire Straits no palco!

Muitos consideram esse magnifico show um ensaio para o que viria ser o Dire Straits em 1985 com o Brothers In Arms! Para mim, isso não diminui em nada a importância do Alchemy, até porque para chegar no nível em que eles estavam na Love Over Gold Turne 82/83, tiveram que passar pelos Early Years 77/81, sem falar que a banda ficou nos devendo um registro ao vivo e oficial da BIA Turnê 85/86, o que torna o Alchemy ainda mais especial, olhando por esse ponto de vista!

Sorte nossa da banda ter tido a ideia de registrar um documento da turnê Love Over Gold .



Eu acredito que a saída de Pick Whiters é o que vai dar o "tom" para diferenciar essa fase de 82/83 do Early Years 77/81, bem como das outras fases, 85-86 e 91-92. Sua contribuição a sonoridade do Dire Straits é extremamente relevante, ele é o baterista de mais da metades dos álbuns de estúdio da banda,

Com a saída de Pick, a banda passa por um transformação, ganhando outra personalidade musical. De uma certa forma, isso enriquece a musicalidade do grupo em si, pois com novos membros, a banda tende a agradar um novo público, devido a uma nova proposta musical.

(Essa foto...)


 Mas, o que seria de nós sem os bootlegs? Eles são essenciais para se ter uma compreensão mais apurada sobre as turnês da banda e é neles que concentro maior parte de minhas pesquisas acerca da obra Knopfleriana.

Existe um Dire Straits em estúdio e outro nos palcos, pois Mark Knopfler gosta de mudar tudo, a começar das guitarras, sua capacidade criativa tem a força de uma usina nuclear, basta prestar atenção no que ele cria no palco, os bootlegs sempre revelam que há sempre uma nuance que vem dar um novo sabor a canção, seja em sua guitarra ou no arranjo que a banda vem exercer nas canções. Tudo por elas, as canções possuem vida própria.


A  Love Over Gold tour iniciou com uma série de shows apenas na Inglaterra e Escócia, entre o final de Novembro até final de Dezembro de 1982.

Os bootlegs de 1982 são bastante autênticos, pois foi apenas nesse período que a banda tocou a belíssima It Never Rains. Até o momento, existem apenas nove versões de It Never Rains ao vivo, disponíveis nos bootles de 1982. Nunca me canso de contemplar cada uma dessas versões.

Aqui deixo algumas de minhas prediletas:








Contemplar essa canção é a certeza de um momento único da banda, pois essa canção nunca mais foi apresentada. Nem precisa citar que é um grandioso e saboroso tema!



(Não existe nenhum registro em vídeo de It Never Rains, mas, suponho que essa rara foto registra o momento do solo final  It Never Rains, uma vez que trata-se de uma performance da banda em uma das noites em Wembley em 1982 e nota-se que Knopfler está usando o pedal, que pode ser volume ou o wha-wha usado em It Never Rains, apenas suponho que seja.) 


Apesar de ser a mesma turnê, a banda em 1982 é um pouco diferente de 1983. O fato é que em 1982, a banda ainda não contava com o Mel Collins, o saxofonista presente em músicas como Two Young Lovers, Portobello Belle, Solid Rock e Local Hero, com exceção da última noite em Wembley 21-12-1982, que é quando Mel estreia na turnê.  É interessante notar que essa foram as primeiras músicas do Dire Straits com arranjos de saxofone!

Em 1982, as músicas citadas acima eram tocadas com novos arranjos, no caso de Two Young Lovers, o Tommy Mandel fazia um solo com sintetizador no lugar do sax, como vocês podem conferir abaixo:




Outra coisa que é curiosa e vale a pena ser conferido por fãs mais assíduos, está presente noo final de Expresso Love no início da turnê em 1982. Note que esse final é diferente e foi usado mais adiante em 1983 para um determinado ponto da introdução de Tunnel Of Love.




Ainda em 1982, Portobello Belle vem ser interpretada de forma única também, Mark usa seu National steel (instrumento da capa do álbum BIA), contudo, não há sax, o andamento é mais lento, porém de rara beleza.




Outro ponto legal de se perceber nos shows de 1982 é que Mark Knopfler ainda não adota a bandana ou a faixa, isso só vai ocorrer quando a banda retoma a turnê em 1983 na Austrália e Nova Zelândia

 Austrália- Março de 1983.

(Essas são as primeiras imagens de Mark Knopfler usando uma bandana.)

A turnê segue adiante em 1983 com shows na Austrália e Nova Zelândia, eles passam o mês de Março inteiro por lá, e em Abril fazem quatro shows no Japão. Quero chamar atenção para o fato de que nos shows em Austrália, Nova Zelândia e Japão, temos a presença de um saxofonista, salvo engano, australiano, Paul Williams, ouçam a versão de Portobello Belle em Tokyo 1983 e percebam a textura sonora do sax como se difere do Mel Collins.


(Não liguem para o fã nipônico gritando: "Skateaway, Skateaway..."  logo após os 10 segundos) ^^


Outro ponto curioso é que essa foi a única turnê que o Dire Straits esteve no Japão, MK só retornaria lá apenas no fim da turnê com Clapton em 1988 e nunca mais, nem em sua carreira solo.


Nessa turnê é a primeira vez que Knopfler vai introduzir o violão na sonoridade da banda. Ele usava o seu Chet Atkins electric classical guitar! Antes da linda música Love Over Gold, ele experiementou tocar com tal violão, fazendo o solo final de Romeu And Juliet, o resultado é celestial, acabou fazendo um casamento perfeito com a música Love Over Gold e deixando uma atmosfera acústica única e novamente de rara beleza! Logo em seguida, ainda com o mesmo violão, ele apresentará a fantástica Private Investigations! Três músicas com o mesmo instrumento, esse clima é mais uma exclusividade desta turnê.

(Chet Atkins electric classical guitar)


O que dizer do grande clássico, Sultans of Swing nessa turnê, a meu ver é simplesmente o melhor formato, o equilíbrio perfeito estava aqui!





 (Com sua maravilhosa guitarra Erlewine, usada em Industrial Diseases)


Temos a animadíssima Twistting by the Pool que sempre traz um clima de muita descontração, pena não ter seguido em outras turnês



Eu amo o clima e a atmosfera dessa turnê, das três turnês na década de 80' que a banda fez, sem dúvidas é a minha predileta.




Enfim, são detalhes que só se encontram exclusivamente na Love Over Gold Turnê 82/83, o prenuncio do auge do Dire Straits, que viria ser o multi-platinado, Brothers in Arms, mas, ai é lenha pra outra fogueira, papo para outras histórias aqui no Universo Dire Straits!


Espero ter esclarecido alguns aspectos para alguns fãs! ^^

Um abraço a todos os visitantes.


Brunno Nunes.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Análise Musical- Industrial Disease





Diante da recente tragédia ocorrida em Mariana-MG, eu não pude deixar de perceber um paralelo com uma canção brilhante do Dire Straits, Industrial Disease. Neste sentido, estive ouvindo e dando uma conferida na letra dessa canção e isso me levou a tentar fazer uma pequena análise musical sobre a mesma.







Todos os gênios que passaram pelo planeta sempre deixaram coisas atuais, atemporais, sempre contemporâneas.




Aqui está um exemplo, só que em uma  canção. A tradução não está 100%, mas, tentei fazer o melhor que pude para elucidar a crítica politica, ambiental e social condida nesta canção, recheada de um certo humor e teor sarcástico, certamente oriundo da velha escola Dyliana!












A canção foi lançada como single nos EUA e como B-side raro de Private Investigations em fita cassete no Reino Unido.

Abaixo estou deixando uma excelente animação que traz bastante luz ao conteúdo da letra dessa canção, sugiro que assistam primeiro e depois acompanhem a letra!

(Por sinal, se alguma alma caridosa puder fazer qualquer reajuste na tradução, eu ficaria muito agradecido, será bem-vindo.)












Doença Industrial


Luzes alarmantes estão avisando sobre o Controle de Qualidade

Alguém jogou uma chave inglesa e eles a mandam para o buraco

Há rumores no porto de cargas e ódio na cidade

Alguém sopra o apito e os muros vêm abaixo

Há uma reunião na diretoria. Eles estão cansados em rastrear odores

Há um vazamento de fluído no banheiro, há passos leves dos funcionários

Algum lugar nos corredores, alguém estava prestando atenção nos espirros.

Ó Deus! Pode isso ser uma Doença Industrial?




O zelador foi crucificado por dormir em seu trabalho

Eles estão negando para ficarem em paz, a maioria das vezes é dele a culpa.

Seu cão de guarda pegou raiva, seu capataz pegou pulgas

E todo mundo preocupado com a Doença Industrial

Há pânico no Painel de Comando. Línguas estão com nós.

Uns vão embora em simpatia, outros vão para baladas,

Uns culpam a Direção, outros os empregados.

E todos sabem que isso é Doença Industrial




A Força de Trabalho está aborrecida com ferramentas e passeios,

Inocência está prejudicada, experientes apenas conversam.

Todo mundo procura danos e todos concordam

Que esses são clássicos fenômenos de apertos monetários

Na ITV (Pode ser a Rede Globo) e  BBC, eles conversam sobre a maldição.

Filosofia é inútil, Teologia é pior ainda,

História ferve sobre um congelamento de economia

Sociologistas inventam palavras com "Doença Industrial"




Doutor Parkinson declarou: "Eu não estou surpreso em ver você aqui,

Você pegou tosse de fumante por estar fumando, ressaca por beber cerveja,

Eu não sei como você veio para pegar as pernas de Batty Davis(1)

Mas para piorar tudo, jovem homem, você pegou 'Doença Industrial'".

Ele me escreveu uma receita médica, onde ele diz: "Você está deprimido,

Mas eu estou contente que você voltou para me ver, a fim de melhorar seu peito,

Volte e veja-me mais tarde - Próximo paciente, por favor".

Outra vítima da Doença Industrial




Eu vou para Speaker's Corner(2), eu estou atordoado,

Eles conversam livremente, turistas, policiais nos caminhões,

Dois homens dizem que são Jesus, um deles deve estar errado.

Há um cantor protestando, cantando uma canção de protesto - Ele diz:

"Eles lutam para terem nós aos seus pés,

Eles lutam para sustentarem suas fábricas,

Eles lutam para nos impedir de comprar coisas japonesas

Eles lutam para deter a Doença Industrial

Eles estão apontando o inimigo para mantê-lo surdos e cegos

Eles querem gastar sua energia prendendo sua mente,

Te dando Rule Brittania(3), cerveja com gás, três páginas,

Duas semanas na Espanha e strip-tease aos domingos"

Enquanto isso, o primeiro Jesus diz:  eu iria curá-lo em breve

Abolindo as manhãs de segunda-feira e as tardes de sexta"

O outro cara está em greve de fome, ele está morrendo aos poucos

Agora vem Jesus pegando a Doença Industrial.









Aqui está o Dire Straits apresentando esse rock inteligente em um programa de Tv- Na so was, ZDF, Munich, Germany, 24th October 1982.




(1) (Ruth Elizabeth "Bette" Davis (Lowell, 5 de abril de 1908 — Neuilly-sur-Seine, 6 de outubro de 1989), foi uma atriz estadunidense de cinema, televisão e teatro. Conhecida por sua vontade de interpretar personagens antipáticas, ela era venerada por suas atuações numa variada gama de gêneros cinematográficos; de melodramas policiais, filmes de época e comédias, embora seus maiores sucessos tenham sido romances dramáticos.)







(2)O Speakers' Corner (Recanto do Orador)  é um lugar de grandes discursos e protestos. Fica situado no nordeste do Hyde Park, em Londres, Reino Unido. Tradicionalmente, no Speakers' Corner, qualquer cidadão pode fazer discursos criticando qualquer um, com exceção da Família Real e do governo inglês. Para discursar, o orador tem de estar sobre um caixote ou tablado pois, segundo a tradição britânica, o orador não pode estar sobre solo inglês, se o orador não estiver pisando em solo inglês ele estará isento das leis e tradições britânicas.














(3)Rule Brittania- É uma tradicional canção britânica, uma canção patriótica conhecida de todos os britânicos.










Espero que tenham gostado!



Brunno Nunes.

Dire Straits

Dire Straits
A voz e a guitarra do Dire Straits ao vivo em Cologne, 1979