quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Refletindo sobre a imagem do Dire Straits

Saudações Knopflerianas a todos.

Venho de um debate muito bom e enriquecedor com grandes fãs da obra Knopfleriana na comunidade do Mark Knopfler no orkut. Entre divergências e convergências acerca da banda The Straits, especificamente sobre o show de caráter beneficente realizado este ano no Royal Albert Hall.

Achei que deveria postar aqui para expandir mais o assunto.
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Eu apreciei a iniciativa dos Straits, apesar de que Mark Knopfler não tenha gostado da ideia, penso que devemos deixar de lado problemas pessoais entre eles, se o Mark gostou ou não, o evento foi para os fãs, ou seja, quem esteve lá, esteve em primeiro lugar pelas canções, e em segundo lugar, pelos membros da banda. É muito nobre um tributo ao DS com a presença de nada mais nada menos que Alan Clark, ele seria o suficiente para a importância do evento, pois se olharem bem, ele é a segunda pessoa, (depois de Knopfler) que de um modo geral deu características e personalidades distintas na sonoridade da banda que o fez famoso, Dire Straits, e nenhum outro faria da mesma forma, e isso é bastante relevante quando se trata destas canções.

Como meu ilustre amigo Knopfleriano, Marcos (sempre presente na comunidade) citou: "Não acho que seja uma mera banda cover, não é uma volta ao passado, não acho que o público do MK tenha que torcer o nariz só porque ele torceu o dele, e não acho que tenha sido mal-intencionado na divulgação."

Concordo plenamente com Marcos, entretanto, continuo concordando com outra citação feita pelo mesmo: "Os pontos que me fariam recusar totalmente a existência dos Straits é se eles resolvessem lançar um álbum, ou se usassem o nome Dire Straits, ou desdenhassem do Mark durante o show (chamar ele de ogro foi forte, mas foi feito em outro contexto). Fora que pastiche não chega a ser uma ofensa, pois é algo muito próximo do que um cover precisa ser pra agradar."


Só faria uma ressalva quanto a um lançamento de um álbum, se fosse um álbum com músicas próprias deles, eu não rejeitaria, mas é evidente que isto é passageiro, não creio que va além desta turnê.

Houveram outros pontos de vistas opostos por parte de outro caro amigo Knopfleriano, Ednardo, e no embalo do respeito e da amizade, depois de entrarmos nestas questões acerca dos STRAITS, eu estava pensando em um fato que está ligado ao título desta postagem:

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É interessante que sempre que o Dire Straits ganhava um prêmio musical em algum país, em nenhum nenhuma ocasição, (pelo menos de 1980 em diante), a banda iria receber, sempre tinha apenas um representante, o Mark Knopfler, diferentemente de outras bandas, onde nestas ocasiões toda a banda está presente.

Ou seja, se olharmos bem para esta questão, isso é um fator colaborador para a imagem do Dire Straits ser focada apenas no Mark Knopfler, pois nem mesmo o John Illsley esteve ao lado dele nos prêmios que a banda recebeu pela MTV Video Music Awards em 1986 e o Brit Awards em 1987. Em um desses, somente o Ed Biknell, Knopfler e sua esposa. oO

Embora os períodos em que os prémios foram entregues, o Dire Straits não estava em atividade, isto não poderia ser grande obstaculo deles estarem juntos para receber, afinal... o MK não fez tudo sozinho. Se fosse os Beatles, lá estariam Paul, John, George e Ringo para receber, se fosse o Led Zeppelin lá estariam eles, o The Police do mesmo jeito, o Red Hot certamente, entre outras...

É visto que com o Dire Straits as coisas foram diferentes neste aspecto, a mídia deu demasiada enfase ao Mark Knopfler como representação única de uma totalidade, a imagem dele como uma unidade de uma banda com músicos tão notáveis, que definitivamente não passam despercebidos, (não estou me referindo a membros que estiveram em apenas um momento na banda como: Paul Franklin, Phil Palmer, Mel Collins, mas sim, a membros como Alan Clark, Pick Withers, David Knopfler,Terry Willians, Hal Lindes Criss White, Guy Fletcher e como não podia deixar, símbolo da lealdade na banda, John Illsley).

É evidente que como fã e pesquisador "Knopfleriano", eu não enxergo a banda de tal forma, mas é uma pena que eu sou um dos poucos (dentre uma grande massa de fãs), que tem essa concepção, que o Dire Straits não foi somente MK, os fatos por si só se justificam, pois do contrário, sua carreira solo não teria diferença da obra "Straitana".

Ao mesmo tempo percebam como a própria História torna-se um tanto contraditória.

Observem que, se por um lado alguns dizem que o DS foi apenas um veículo para as canções de Mark Knopfler, (os que se deixam influenciar-se pela mídia e não conseguem se desprender desta visão oferecida pela mesma) é visto que ao aposentar a banda, Knopfler entrou em um outro universo musical, usando uma outra metodologia, uma outra formula para fazer suas canções, e vários fatores estão envolvidos nesta formula, a começar das guitarras usadas, e outros instrumentos, tais quais: acordeon, gaita de fole, bouzouki (um instrumento muito popular na música tradicional da Grécia, usado por Richard Bennett em Speedway at Nazareth, Done with Bonaparte ou Why aye man ), o que veio mexer bastante nas propostas musicais, criando um novo sabor, diferente das canções do DS.

Então, dessa forma, fica claro que a mídia promovia uma opinião falsa o tempo inteiro, vendia e promovia uma falsa imagem, pois no final, essa falsa imagem se revelou definitivamente como ela é. O DS nunca se resumiu a um veículo para as canções do MK, pois se assim fosse, sua carreira solo seria uma evolução do que tinha feito com o DS, o que definitivamente não foi e não é!

É triste que isso tenha ocorrido com o Dire Straits, (um caso raro dentre os gigantes do Rock), uma banda que teve os holofotes jogados a apenas um membro, o lider da banda.
É evidente que Knopfler não podeia deixar de ser notável, sendo ele o cantor, compositor, guitarrista solo e lider da banda... definitivamente, era uma banda que tinha um lider, diferentemente de bandas como Beatles, Eagles, Pink Floyd... onde nelas há mais de um compositor, contudo, onde fica a genialidade de Alan Clark dentro do DS, Pick Withers (este que esteve em quatro álbuns de estúdio da banda e em três turnês, membro fundador, e é o que tem sido mais desvalorisado em termos de importância para sonoridade da banda) ?

Numa banda como o Rush, quem é o lider de uma banda como essa? Difícil de citar, pelo menos pra mim. O fato é que quanto mais para os primórdios do Dire Straits eu me concentro, mais forte é a sensação de uma banda onde a energia flúia de maneira bem diferente do período de 80 em diante, tínhamos o outro lado da moeda na banda, um outro cantor, compositor e guitarrista com a mesma bagagem de influências musicais do Mark, seu irmão, David Knopfler e foi neste ponto onde existia um Dire Straits mais ousado e democrático! (Não é a toa que é meu período predileto da banda). ^^

Sendo assim, creio que a essa imagem da banda como foi promovida tenha sido de grande interesse mesmo do Mark Knopfler, ele pode ser um dos grandes responsáveis! Já pensaram nisso?

Foi neste ponto de minha reflexão que uma Knopflerina participante ativa da comunidade, Greice, comentou algo que completa meu raciocínio:

"E não me adimira justo nessa fase (gravação do MM) as desavenças entre os irmãos Knopfler e como resultado a saida de David pq se ele ficasse teriamos mais um cantor e compositor na banda com a msm sensibilidade, alguém que queria espaço deveria ter e não teve.

Não é atoa que o empresario do Dire disse em uma entrevista que Mark foi o Bad boy o motivo da postura: Ego, e a saida de David foi bem conveniente para o Mark.
O que quero dizer: Que Knopfler teve caminho aberto depois disso não tinha mais objeções, o terreno estava pronto pra que a mídia focasse apenas nele e ninguém mais."

Enfim, em minha mente, se o Dire Straits tivesse seguido com o David Knopfler, se fosse lhe dado o espaço merecido, a obra da banda seria muito mais do que o que foi. Knopfler em dose dupla, só posso imaginar como seria a discografia se ele estivesse, assim como o John esteve. (Sem desmerecer John, mas havendo entendimento entre os irmãos, se o ego não viesse atormentar, certamente David Knopfler teria inflênciado positivamente na sonoridade da banda muito mais que John, seria análogo ao Pick e Alan).

Sugiro que não deixem de ver nosso debate na íntegra>> http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs?cmm=5435&tid=5649508442538759396&na=1&nst=1

Fiquem a vontade para participar! 

Brunno Nunes

2 comentários:

Rodrigo disse...

Grande observação, além do mais, com uma banda tão fantastica, pq MK quis se separar para fazer um projeto solo? POR QUÊ?

Sempre notei essa coisa da midia ter seu foco apenas em Mark,mas não tinha notado que com a saída de David, a musica teria mudado. A partir de sua saída, musicas com o timbre de "Sultans of Swing", "Down to the waterline", "Lady Writer" e "Single Handed Sailor" não foram mais compostas. Sério, esse timbre de Stratocaster é unico!

Brunno Nunes disse...

As vezes eu me pergunto, será que Knopfler tinha conscIÊncia que ele tinha atingido a perfeição da Fender Stratocaster com os dois primeiros álbuns do Dire Straits.

Dire Straits

Dire Straits
A voz e a guitarra do Dire Straits ao vivo em Cologne, 1979