segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Dire Straits e família não podem conviver juntos! (Revisada)


Em Julho 2009 eu havia feito essa publicação, porém, hoje reli e percebi que precisava atualizar alguns aspectos sobre as questões que havia abordado, foi uma maneira de deixar o texto mais polido e lúcido, uma vez que de lá pra cá eu me atualizei bastante.

Como tudo na vida deve evoluir, com o passar do tempo eu procurei melhorar minha escrita e abordagem, sei que ainda estou longe de possuir uma boa escrita, não tenho revisor, é sempre um execício solitário escrever, não obstante, na medida do possível, sigo tentado melhorar, movido por essa experiencia que é a analise e apreciação da obra Knopfleriana!

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Sim... É uma dura realidade.

A História mostra que Mark Knopfler teve que sentir isso na pele!

Começando em 1977, analisemos em que situação pessoal se encontrava Mark e como isso influiu em suas composições!

Mark estava há um ano divorciado de um matrimonio que durou 4 anos. Ao que se sabe, um dos fatores, foi devido o fato dele estar sempre procurando trabalho com bandas. Em 1973, ele gravou coma banda -THE BREWERS DROOP, de alguma maneira ele esteve por um bom tempo ausente e isso deve ter prejudicado seu primeiro matrimonio.

Talvez algumas canções dos dois primeiros álbuns do Dire Straits possuem raízes no primeiro matrimonio de Mark Knopfler. De acordo com a canção "Setting me up"ele define uma situação como uma mulher que te coloca pra cima (te deixar com alto astral) em alguns momentos e em seguida te deixa pra baixo, e em outros momentos não quer saber nada de você! ►(You're setting me up to put me down, You're making me out to be your clown)

Outra parte intrigante é em ►

(You think I care about your reaction
You think I don't understand
All you wanted was a piece of the action
Now you talk about another man)

(Você acha que me importo com a sua reação
Você acha que eu não entendo
Tudo que você queria era um pouco de ação
Agora, você falar de outro homem)


Canções como Setting me upSix Blade knife e Water of Love podem ser alguns exemplos de sua relação e ruptura matrimonial com sua primeira esposa, Kathleen.

 Em meados de 1978, Knopfler embarca em uma turbulenta relação com Holly Beth Vincent. Holly Vincent parecia ser uma mulher bem independente, líder de uma banda de Punk Rock. 

No álbum Communique fala de coisas que realmente têm pouco a ver com sua vida amorosa com a exceção de "Where do think you are going", que Mark compôs em uma crise com Holly ,no entanto, no final da composição deste álbum, a sua relação estava normalizada!

Mais tarde, em Setembro de 79, como bem sabemos, termina a sua relação. (Quero dizer, ela terminou pelo telefone)

Faziam praticamente dois anos que Mark e Holly estavam excursionando continuamente, o relacionamento já estava esfriando e certamente seria difícil manter uma relação estando ambos em turnê por tanto tempo.

Podemos imaginar o estado em que Mark se encontrava nesse momento. Em meio a tudo isso é obrigado a seguir a segunda turnê pelos EUA, que estava iniciando-se em 8 de Setembro, (ou seja, o Bootleg Boston 79, para quem não sabe, foi o primeiro show dessa segunda visita. É notável a emoção que ele passa ao tocar Where do think you are going nesse show, assim como em New York 79,  O tour manager do DS Paul Cumming cita na biografia que nunca viu Mark cantar daquele jeito, ele parecia está chorando!)






Estamos prestes a chegar à ruptura de David com o grupo... Somente colocando-se no lugar de David para tentar entender melhor a realidade do que aconteceu...



(Uma imagem vale mais que mil palavras!)



É citado na biografia oficial que no final da turnê do Communiqué, Mark não interagia bem com os membros da banda, ele estava doente e depressivo, é citado ainda que Ed Bicknnel (empresário da banda) chegou a pensar que a banda iria acabar após o fim dessa turnê

Chegado a época de gravar o terceiro álbum, Making Movies, Mark compõe uma das melhores canções de desamor da história, onde expunha de forma camuflada situações de sua experiência em sua relação com Holly, Romeo and Juliet.  Foi nessa altura que a relação dos irmãos chegou a um ponto bastante delicado. 

David admitiu a existência de um problema com Mark no documentário "BBC Arena". "É uma situação clássica entre irmãos, com certeza, ainda estamos tentando lidar com isso. Dois anos na estrada tem sido muito difícil para nós dois... para todos que também estão na linha de fogo. -Pick, John, namoradas, Ed,- nosso empresário- Paul-gerente de turnê-, a equipe da turnê, todo mundo. Um efeito gera o outro. Mas cabe ao Mark e a mim lidar com isso." (Doc. BBC Arena)




O doc. BBC Arena encerra com a seguinte declaração de David Knopfler: "Eu não estava preparado para voltar àquele estilo de vida sem que a pressão que ocorreu nos dois primeiros discos ocorresse no terceiro. Se mencionar o cronograma de turnês... 300 shows desde o início da banda, seria impossível. Acho que não estávamos preparados. Nossa música sofrerá se não fizermos algo a respeito e nós sofreremos."

Mais honesto que isso... 




Entretanto, David nega com veemência a ideia de que ele estava tecnicamente inadequado com relação aos outros membros .Em verdade, nem ele e nem Mark fizeram nada para contornar a 
situação.






Segundo biografia autorizada e feita com contribuições dos membros da banda, David cita:

"Saí porque não foi possível nem para Mark e nem para eu continuar trabalhando na mesma banda. Andávamos pelo estúdio a desviar o olhar para o chão  Deixamos de se comunicar. Uma pena, mas é realidade. Essas pressões podem criar situações deste tipo, qualquer pessoa que tenha estado em uma banda sabe. É como estar casado com três pessoas. Se, no final, queremos um divórcio, temos de ir em frente, quaisquer que sejam os custos!"

David:

A estrutura da banda havia mudado lentamente até que o "Making Movies" era uma "empresa" cooperativa. Tornara-se principalmente em banda Mark e, enquanto John e Pick (ao longo do tempo) concordaram a aceitar as condições de Mark. Dave nunca poderia aceitar.

DK Cont...
"Já não era uma banda amigável. Para mim, Mark seguia sendo o meu irmão, para o resto do mundo ele era o "Ayatollah". Foi uma transição difícil. Eu tive problemas para vê-lo como "Ayatollah".

É citado que a saída de David acalmou muita tensão na banda e para concluir a gravação do Making Movies, o guitarrista Sid McGinnis foi contratado  basicamente como freelance, eleá havia tocado (entre outros), com Peter Gabriel e Carly Simon.

Ao meu ver, outros fatores determinantes que levaram David Knopfler abandonar o "navio" Dire Straitsdeve-se ao fato dele não ter um espaço merecido para por suas composições, ele tinha percebido claramente que era o Dire Straits tinha se tornado  "o show do Mark" e a perspectiva que ele tinha a essa altura é de que não queria seguir o tempo todo eclipsando com seu irmão, segundo ele, "não podemos ser parte do sonho de alguém quando temos nossos próprios sonhos."


Boa parte do álbum Making Movies é baseado em sua relação com Holly, analisando frases de pelo menos 4 músicas, Romeo and Juliet, Expresso Love, Solid Rock e uma música que jamais foi tocada ao vivo até hoje, Hand in Hand .  Fica a pergunta: Por que será?



Em Romeo está registrado a verdadeira história, como tudo aconteceu... Um cara muito apaixonando por uma garota que a única coisa que faz é prometer mentiras e  valorizar coisas "fúteis" 

(“Well you can fall for chains of silver you can fall for chains of gold
you can fall for pretty strangers and the promises they hold
you promised me everything you promised me thick and thin”)


Em Expresso Love existe um lado curioso, uma garota bem independente, onde o personagem se rede a essa "febre" e suas tentações.

"And I surrender to the fever
She love me so tender I got to believe her

Love? Express love's alright"

Solid Rock, mostra claramente o que Mark quer realmente... Construir um castelo de pedra e não de areia... Quer algo consistente, um relacionamento sério e não uma relação como o que teve com Holly.

Hand in Hand praticamente a canção inteira está baseada no que ele estava sentindo naquele momento... uma frase marcante e profunda na canção é ...

( “Now you and me go parallel together and apart
And you keep your perfect distance and it's tearing at my heart
Did you never feel the distance
You never tried to cross no line ")

(“Agora você e eu vamos paralelamente juntos e separados
E você mantém a distância perfeita e tirando lágrimas do meu coração
Você nunca sentiu a distância ?
Você nunca tentou cruzar nenhuma linha”)

Este é um álbum bastante emocional e exprime muito o que ele sentia naquele momento!


Pouco depois, Mark conhece Lourdes Salomon que trabalhou nos estúdios de Nova York, onde gravou a Making Movies.



Mark em forma novamente, inicia a Making Movies Tour 80-81, ou (On Location Tour) eu diria que é a fase mais experimental do DS, na minha opinião é uma turnê intrigante, pois é o elo entre o som cru dos primeiros anos e a perfeição do Alchemy!

Tudo a partir daqui vai progredindo para o sucesso. Lourdes lhe deu o que pedia em Solid Rock. Iniciou uma fase de grandes composições. E assim surgiram álbuns in críveis como: Love Over Gold e Brother in Arms ..




(Alguns "ecos" do sentimento presente em algumas canções do MM, ainda parecem nas canções do álbum 
Love Over Gold, na canção que dar título ao álbum e em  It Never Rains, só que de outra forma. Antes, em Romeo and Juliet, o homem é um romântico incurável com um coração partido, porque o sua Juliet deixou-lo por outro. "It Never Rains" refere-se a " seu novo Romeo" e é óbvio que se fala de uma mulher que é uma integrante de uma banda, para a qual, agora tinha chegado os tempos difíceis, não há compaixão.)


"And your new Romeo

Was just a gigolo when he let you down"



"E seu novo Romeu

Era apenas um gigolô quando ele te decepcionou"



"You never gave a damn about who you pick up
And leave laying bleeding on the ground
You screw people over on the way up
Because you thought that you were never coming down"


(You never gave a damn about who you pick up
And leave lying bleeding on the ground
You screw people over on the way up
Because you thought that you were never coming down


Você nunca deu a mínima pra quem você pegou (“deu a mão”, “levantou”)
E o deixa deitado sangrando no chão
Você maltrata as pessoas para se sentir superior
(ou para se dar bem)
Porque você achou que nunca cairia.

Na canção "Love Over Gold" é notável que há uma aceitação da realidade do que havia passado.

O mundo começa a perceber que Mark é mais do que um grande guitarrista.

Depois da mega turnê do Brothers in Arms, já está bem estabelecido no mundo da música e ter trabalhado com muitos artistas famosos, sua relação com Lourdes se esfria e começa outra crise que dura até o início do novo e mais recente álbum do Dire Straits OES, em 1991.

 Nesta fase existem canções que trazem algumas pistas de como se encontrava Mark: “I think i love you too much”, When It Comes to You e You and Your Friend são as mais expressivas nesse sentido emocional.

Sabemos que ele tem gêmeos que nasceram em 1987, que mais tarde separou após 10 anos juntos com Lourdes.

Acredito que um dos fatores que colaborou para o fim seu segundo matrimonio, tenha sido o fato de perceber que levava muitos anos sem poder se fazer mais presente na vida dela e pouco depois, na seus filhos. Só na BIA Tour 85/86 eles passaram por 117 cidades, com 221 shows em 366 dias (a mais longa turnê de uma banda de rock até então) Aquilo foi uma loucura mesmo, a ponto de Mark Knopfler aparecer nas TV's locais pedindo para pararem de comprar ingressos, pois eles estavam exaustos e tinham que voltar para casa, já no final da turnê, em 86.



Durante as turnês com o Notting Hillbillies de 1990 e 1999 , não é a toa que Mark resgata Setting me up e Water of Love... Apesar dessas músicas terem sintonia com a linha musical dos NHB. Na verdade, pode ser que faça sentido, em 1990, pelo estado em que se encontrava. O fato é que ele manteve essas canções em seu repertório, tanto com os NHB, quando em carreira solo, até seu início com Kitty. (Não são coincidências!)

A partir de então, quando perceber que é difícil para uma mulher ficar só por razão de seu marido estar excursionando pelo mundo em turnês intermináveis, não tendo tempo para ver seus filhos crescerem, depois de passar por isso, em sua nova relação, as turnês de sua carreira solo não possuem mais a dimensão das tour com os DS, Mark não tem ficado tanto tempo longe de casa, podendo acompanhar as vidas de seus filhos. Isto faz com que a nova relação com Kitty Aldrig seja mais "serena" e duradoura. ^^


Kitty tem sua própria canção dedicada por Mark, está presente no Golden Heart; Darling Pretty. praticamente é um álbum inteiro dedicado a Kitty .

Desde então, ele está com Kitty Aldrig, se não me engano tem duas filhas com ela e suas prioridades na vida mudaram.

É notável que para  Mark, hoje a coisa mais importante é a Família e que Dire Straits e família não podem coexistir nas proporções do apogeu da banda . Será que quando escreveu esta canção para "A shot at Glory".. All That I Have In The World (Tudo o que tenho no mundo) não foi em um momento reflexivo
?

All That I Have In The World

Don't leave me don't leave me
I'm begging of you
My prescious, my only sweet girl
Don't leave me don't leave me
I'll die if you do
And you're all that I have in the world
You're all that I have in the world

I care not for treasures of silver and gold
I care not for diamonds and pearls
Love may not be measured or traded or sold
And you're all that I have in the world
You're all that I have in the world

Not a word of a warning would you give to me
My prescious, my only sweet girl
You'd leave me in the morning
And I'll be calling for you
And you're all that I have have in the world
You're all that I have in the world


Tudo que tenho no mundo

Não me deixe não me deixe
Eu estou implorando a você
Minha preciosa, minha doce menina
Não me deixe não me deixe
Eu vou morrer se você fizer
E você é tudo que tenho no mundo
Você é tudo que tenho no mundo

Não me importo por tesouros de prata e ouro
Não me importo por diamantes e pérolas
O amor não pode ser medido ou negociado ou vendido
E você é tudo que tenho no mundo
Você é tudo que tenho no mundo

Nem uma palavra de um aviso você daria para mim
Minha preciosa, minha doce menina
Você quer me deixa pela manhã
E eu vou estar te chamando
E você é tudo que eu tenho tem no mundo
Você é tudo que tenho no mundo



Será que nesse ponto ele expressa claramente porque o Dire Straits não retornaria? Não como antes, pelo menos! =)

Brunno Nunes.

9 comentários:

Unknown disse...

Meu ídolo.meu favorito

denislopes disse...

Adorei seu post, pude entender muito melhor a alma que Mark colocou em suas músicas. Mas gostaria de saber uma coisa: você sabe como está hoje a relação entre ele e David? A história de que até hoje não se falam é verdade?

João Reis disse...

Como se parecem, só quo destino reservou a glória a MK,os solos de sultana of swing foi determinante a glória de Mark, vendo que seu irmão é muito talentoso, mas não foi o suficiente.

João Reis disse...

Como se parecem, só quo destino reservou a glória a MK,os solos de sultana of swing foi determinante a glória de Mark, vendo que seu irmão é muito talentoso, mas não foi o suficiente.

João Reis disse...

Como se parecem, só quo destino reservou a glória a MK,os solos de sultana of swing foi determinante a glória de Mark, vendo que seu irmão é muito talentoso, mas não foi o suficiente.

Unknown disse...

As canções do Dire Straits foram minha porta de entrada para a boa musica, obrigado Bruno por essas histórias.

Wanessa Pimentel disse...

Muito bom! Existe alguma biografia(digo livro) da Banda para indicar!? Obrigada!

Unknown disse...

Espetacular essa publicação

Unknown disse...

Muito espetacular a publicação Mark Knopfler meu favorito

Dire Straits

Dire Straits
A voz e a guitarra do Dire Straits ao vivo em Cologne, 1979