quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Especial- Love Over Gold Turnê 82/83!







Hoje irei fazer algumas considerações a respeito de um período que considero bastante importante do Dire Straits, especialmente no que diz respeito a estrutura da banda e um certo "modus operandis" que vai predominar até a carreiro solo do Mark Knopfler, chegando aos dias atuais. É nesta turnê que pela primeira vez a banda contará com dois tecladistas, e é interessante perceber que essa estrutura se manterá até a última turnê do Dire Straits e se estenderá em toda carreira solo de Knopfler.

(O motivo que me fez escolher abordar essa fase da banda, é que a enquete (Vote em sua turnê predileta!) vem mostrado que a turnê 82-83 é a queridinha da maioria, (atualmente, ganhando com 15 (36%) dos votos). Eu não sei quais sãos os critérios, talvez por ser a turnê que deu origem ao concerto Alchemy e isso exerça um valor sentimental, enfim, eu gostaria de saber das motivações, portanto, peço que não deixem de comentar nesse poste, o que achou de minhas considerações e se essa é realmente a sua turnê predileta, conte-nos a razão!) ^^




A Love Over Gold tour 82/83 é definitivamente um período marcado por grandes mudanças sonoras e estruturais na banda, do surgimento de uma simples bandana, ou faixa na testa do Mark Knopfler, (algo simples, mas, que veio se tornar marca registrada do Dire Straits), a inclusão de novos membros na banda, portanto, o surgimento de novas atmosferas que darão luz a outras versões ainda mais lapidadas, estou falando de diamantes sonoros do quilate de Once Upon a Time in the West e Portobello Belle. A primeira atingiu seu apogeu nessa turnê e nunca mais foi interpretada, a segunda, também atinge o seu ápice nesse período em uma versão definitiva, é quase uma materialização da letra, genuinamente um Reggae Irlandês,(como Mark sempre cita enquanto está introduzindo essa canção) com pitadas de música caribenha e certamente, uma boa pitada da música JAMAICANA Calypso.

O Dire Straits sempre foi uma banda com "cartas na manga", dinâmicos e ecléticos, não obstante, autênticos e discretos.


Se você analisar as três primeiras turnês, que correspondem aos (Early years 1978-1981), perceberá que a Love Over Gold tour 82/83 vai culminar no encerramento de um ciclo, exatamente com o último show dessa turnê, o Alchemy. Dai em diante, é notório que raramente alguma música do segundo álbum, Communiqué se fará presente em um repertório tanto do Dire Straits como da carreira solo de Knopfler, é como se da turnê do Brothers in Arms em diante houvesse um real rompimento com as raízes da banda.

Em certo sentido isso já ocorrera na própria turnê do LOG, vemos que o novo baterista, Terry Williams, não quis em nenhum momento imitar ou se assemelhar ao seu predecessor, Pick Whiters, pelo contrário, Terry trouxe seu estilo e inevitavelmente deu um novo sabor e energia as canções dos quatro primeiros álbuns, apesar disso, as músicas estavam lá, a exemplo de  Once Upon a Time in the West e Portobello Belle, que são da formação original.


Após o fim do On Location tour em 6 de Julho de 1981, em Luxemburgo, Mark Knopfler começou a escrever as músicas para o próximo álbum dos Dire Straits. Alan Clark (teclados) e Hal Lindes (guitarra), que se juntou à banda para o On Location Tour, também estaria envolvido com o novo álbum.




Sobre isso, é válido citar que o álbum Love Over Gold foi realizado tendo como base a formação da turnê de 1980-1981, adicionando os músicos de estúdio contratado: Mike Mainieri - marimba, vibrafone e Ed Walsh - sintetizador.

(Não podemos nos esquecer que a épica Telegraph Road já vinha sendo interpretada na On Location tour em seu formato mais primitivo.)




Em seu comentário para Rolling Stone revista, David Fricke deu ao álbum quatro de cinco estrelas, e fez as seguintes declarações a respeito do Love Over Gold.

"Two drastically different moods dominate the new album. One is sharp and fiery (like the bolt of lightning on the cover); the other is soft and seductive. That dichotomy is particularly explicit in "Private Investigations", a long, unorthodox ballad in which Knopfler plays a private detective hardened by a life of combing through other people's dirty laundry. Over a discreet synthesizer ring, gurgling marimba and a delicately plucked acoustic guitar, he grumbles into his whiskey glass like Bob Dylan in a trench coat: "You get to meet all sorts in this line of work Treachery and treason There's always an excuse for it," he recites in a raspy nicotine snarl. Then John Illsley sounds a quiet warning with a stalking bass line before the song erupts in dramatic bursts of guitar gunfire and tragic-sounding piano playing. This wracking schizophrenia between the heart and the heartless, the loving and the pain, has always informed Knopfler's songs and arrangements. Love Over Gold, however, finds Knopfler casting further than ever for ways to articulate the frustrations that color his romantic streak."

"Fricke praised the album's centerpiece, "Telegraph Road", which he characterized as a "challenge to the average pop fan's attention span" with its "historic sweep and intimate tension".[4] The theme of the building of America and the dashing of one man's dreams "enable Knopfler to deploy a variety of surprising instrumental voices, from the synthesized sunrise whistle at the beginning to the baroque piano motif in the middle."[4] Fricke concluded that "in a period when most pop music is conceived purely as product, Love over Gold dares to put art before airplay."




Aqui está o novo formato do Dire Straits nesse período. Com essa formação se estabeleceu a turnê que deu origem ao primeiro álbum ao vivo do Dire Straits,  Alchemy. De fato, melhor momento não havia, a banda estava em forma muito criativa, já tinham acumulado a experiência de três turnês bem sucedidas. Chama atenção o fato de que os pianos e sintetizadores reinam em absoluto, tanto nessa turnê, como no álbum que deu origem, tem muito da assinatura do extraordinário tecladista, pianista, Alan Clark, o Alchemy faz jus ao que afirmo.




O show Alchemy é o exemplo mais claro do que foi essa fase, um extraordinário registro, (embora até hoje tenha a ausência de canções que fizeram parte do repertório da turnê e que foram tocadas naquela noite, Industrial Diseases, Love Over Gold, Twistting by the Pool e Portobello Belle, mas isso é assunto pra outro momento)  muito importante, pois revela o potencial do Dire Straits no palco!

Muitos consideram esse magnifico show um ensaio para o que viria ser o Dire Straits em 1985 com o Brothers In Arms! Para mim, isso não diminui em nada a importância do Alchemy, até porque para chegar no nível em que eles estavam na Love Over Gold Turne 82/83, tiveram que passar pelos Early Years 77/81, sem falar que a banda ficou nos devendo um registro ao vivo e oficial da BIA Turnê 85/86, o que torna o Alchemy ainda mais especial, olhando por esse ponto de vista!

Sorte nossa da banda ter tido a ideia de registrar um documento da turnê Love Over Gold .



Eu acredito que a saída de Pick Whiters é o que vai dar o "tom" para diferenciar essa fase de 82/83 do Early Years 77/81, bem como das outras fases, 85-86 e 91-92. Sua contribuição a sonoridade do Dire Straits é extremamente relevante, ele é o baterista de mais da metades dos álbuns de estúdio da banda,

Com a saída de Pick, a banda passa por um transformação, ganhando outra personalidade musical. De uma certa forma, isso enriquece a musicalidade do grupo em si, pois com novos membros, a banda tende a agradar um novo público, devido a uma nova proposta musical.

(Essa foto...)


 Mas, o que seria de nós sem os bootlegs? Eles são essenciais para se ter uma compreensão mais apurada sobre as turnês da banda e é neles que concentro maior parte de minhas pesquisas acerca da obra Knopfleriana.

Existe um Dire Straits em estúdio e outro nos palcos, pois Mark Knopfler gosta de mudar tudo, a começar das guitarras, sua capacidade criativa tem a força de uma usina nuclear, basta prestar atenção no que ele cria no palco, os bootlegs sempre revelam que há sempre uma nuance que vem dar um novo sabor a canção, seja em sua guitarra ou no arranjo que a banda vem exercer nas canções. Tudo por elas, as canções possuem vida própria.


A  Love Over Gold tour iniciou com uma série de shows apenas na Inglaterra e Escócia, entre o final de Novembro até final de Dezembro de 1982.

Os bootlegs de 1982 são bastante autênticos, pois foi apenas nesse período que a banda tocou a belíssima It Never Rains. Até o momento, existem apenas nove versões de It Never Rains ao vivo, disponíveis nos bootles de 1982. Nunca me canso de contemplar cada uma dessas versões.

Aqui deixo algumas de minhas prediletas:








Contemplar essa canção é a certeza de um momento único da banda, pois essa canção nunca mais foi apresentada. Nem precisa citar que é um grandioso e saboroso tema!



(Não existe nenhum registro em vídeo de It Never Rains, mas, suponho que essa rara foto registra o momento do solo final  It Never Rains, uma vez que trata-se de uma performance da banda em uma das noites em Wembley em 1982 e nota-se que Knopfler está usando o pedal, que pode ser volume ou o wha-wha usado em It Never Rains, apenas suponho que seja.) 


Apesar de ser a mesma turnê, a banda em 1982 é um pouco diferente de 1983. O fato é que em 1982, a banda ainda não contava com o Mel Collins, o saxofonista presente em músicas como Two Young Lovers, Portobello Belle, Solid Rock e Local Hero, com exceção da última noite em Wembley 21-12-1982, que é quando Mel estreia na turnê.  É interessante notar que essa foram as primeiras músicas do Dire Straits com arranjos de saxofone!

Em 1982, as músicas citadas acima eram tocadas com novos arranjos, no caso de Two Young Lovers, o Tommy Mandel fazia um solo com sintetizador no lugar do sax, como vocês podem conferir abaixo:




Outra coisa que é curiosa e vale a pena ser conferido por fãs mais assíduos, está presente noo final de Expresso Love no início da turnê em 1982. Note que esse final é diferente e foi usado mais adiante em 1983 para um determinado ponto da introdução de Tunnel Of Love.




Ainda em 1982, Portobello Belle vem ser interpretada de forma única também, Mark usa seu National steel (instrumento da capa do álbum BIA), contudo, não há sax, o andamento é mais lento, porém de rara beleza.




Outro ponto legal de se perceber nos shows de 1982 é que Mark Knopfler ainda não adota a bandana ou a faixa, isso só vai ocorrer quando a banda retoma a turnê em 1983 na Austrália e Nova Zelândia

 Austrália- Março de 1983.

(Essas são as primeiras imagens de Mark Knopfler usando uma bandana.)

A turnê segue adiante em 1983 com shows na Austrália e Nova Zelândia, eles passam o mês de Março inteiro por lá, e em Abril fazem quatro shows no Japão. Quero chamar atenção para o fato de que nos shows em Austrália, Nova Zelândia e Japão, temos a presença de um saxofonista, salvo engano, australiano, Paul Williams, ouçam a versão de Portobello Belle em Tokyo 1983 e percebam a textura sonora do sax como se difere do Mel Collins.


(Não liguem para o fã nipônico gritando: "Skateaway, Skateaway..."  logo após os 10 segundos) ^^


Outro ponto curioso é que essa foi a única turnê que o Dire Straits esteve no Japão, MK só retornaria lá apenas no fim da turnê com Clapton em 1988 e nunca mais, nem em sua carreira solo.


Nessa turnê é a primeira vez que Knopfler vai introduzir o violão na sonoridade da banda. Ele usava o seu Chet Atkins electric classical guitar! Antes da linda música Love Over Gold, ele experiementou tocar com tal violão, fazendo o solo final de Romeu And Juliet, o resultado é celestial, acabou fazendo um casamento perfeito com a música Love Over Gold e deixando uma atmosfera acústica única e novamente de rara beleza! Logo em seguida, ainda com o mesmo violão, ele apresentará a fantástica Private Investigations! Três músicas com o mesmo instrumento, esse clima é mais uma exclusividade desta turnê.

(Chet Atkins electric classical guitar)


O que dizer do grande clássico, Sultans of Swing nessa turnê, a meu ver é simplesmente o melhor formato, o equilíbrio perfeito estava aqui!





 (Com sua maravilhosa guitarra Erlewine, usada em Industrial Diseases)


Temos a animadíssima Twistting by the Pool que sempre traz um clima de muita descontração, pena não ter seguido em outras turnês



Eu amo o clima e a atmosfera dessa turnê, das três turnês na década de 80' que a banda fez, sem dúvidas é a minha predileta.




Enfim, são detalhes que só se encontram exclusivamente na Love Over Gold Turnê 82/83, o prenuncio do auge do Dire Straits, que viria ser o multi-platinado, Brothers in Arms, mas, ai é lenha pra outra fogueira, papo para outras histórias aqui no Universo Dire Straits!


Espero ter esclarecido alguns aspectos para alguns fãs! ^^

Um abraço a todos os visitantes.


Brunno Nunes.

4 comentários:

Asouza disse...

Sensacional turnê! Pena que no lançamento do Alchemy não lançaram o show completo!

Brunno Nunes disse...

Amigo, Asouza, fico feliz e agradecido pelo seu comentário, tem sido cada vez mais raro comentários aqui, quando surge é só para criticar, mesmo que critica construtiva, mas, nada de debates. Tenho tentando produzir mais publicações, mas, confesso que falta um pouco de estimulo, há algum tempo a sensação é de jogar palavras ao vento...

Mas, estamos ai, qualquer coisa, estou aberto a debates ou tirar dúvidas!

Abraçooo!!!!

Asouza disse...

Sempre que posso acesso seu blog, pois é atualmente, a unica fonte de informações sobre o Dire Straits que conheço na internet. Continue com o seu excelente trabalho no blog, pois sempre existem pessoas que ainda curtem os grandes clássicos!

Guttemberg Coutinho disse...

Sensacional matéria, Brunno! Valeu! Me deliciei com as versões, especialmente Industrial Disease e Expresso Love.

Acerca da curiosidade da bandana, já tinha lido uma matéria em que Mark mencionou que passou a usar depois que um fã que estava próximo ao palco gritou: "mande mais energia molhada!" Rsrsrs. Referia-se ao suor da cabeça de Knopfler que resolver adotar a peça para não respingar suor nos fãs mais próximos do palco. Confirma essa info?

Uma outra coisa que observo nesta turnê, mais especificamente na execução de expresso Love o fato de ele tocar com palheta. Vc sabe exatamente o motivo?

Grande abraço e parabéns mais uma vez

Dire Straits

Dire Straits
A voz e a guitarra do Dire Straits ao vivo em Cologne, 1979