terça-feira, 11 de outubro de 2011

Crônica sobre novas canções e alguns outros aspectos.

Estive percebendo uma insatisfação por parte de alguns fãs com relação ao fator guitarra nas novas canções apresentadas nestes concertos, da até então utopica turnê com Dylan, pois até agora eles não estiveram juntos no palco.
A turnê segue para seu quinto show e nada deles dividirem o palco como era esperado.

Não obstante, não devemos nos esquecer que existe algo que aos poucos foi se transformando, ou seja, houve uma inversão, o Mark guitarrista foi potencializando para o Mark "songwriter" no decorrer do tempo.

Na verdade ele sempre foi compositor de mão cheia e guitarrista também, no entanto, de uns tempos pra ca, (eu diria do Ragpicker Dreams a atualidade), ele assume uma atitude muito mais literaria, poética do que guitarrista, seu compromisso hoje é muito mais em favor das composições, percebamos que hoje sua forma de escrever é muito mais elaborada, mais complexa do que na época do Dire Straits. Se olharmos bem, isso iniciou no álbum LOG claramente, depois no BIA em pitadas que aprecem no lado B do disco, Ride across the river, The Mans too Strong, One World e BIA, no álbum OES encontramos um generoso equilibrio guitarra/composição e esse equilibrio foi ficando mais sutil com os álbuns da carreira solo. Eu diria que o "sopro" deste equilibrio (guitarra/composição) foi no álbum STP, a partir dos álbuns seguintes seu lado "songwriter" foi ficando cada vez mais em evidência, formando assim uma outra imagem e identidade musical "Knopfleriana".

Por um lado eu sinto em admitir, mas, já não é mais fato que o Mark guitarrista é MUITO maior do que o Mark "songwriter". O Mark guitarrista MUITO maior do que o Mark "songwriter" ficou para trás e pelo jeito não volta mais!

Hoje temos canções com letras complexas como The Scaffolder's Wife, The Ragpicker's Dream, Let It All Go, So Far From The Clyde, Madame's Genevas, Don't Crash The Ambulance, Hard Shoulder, The Fish And The Bird, In The Sky, Before Gas and TV, Monteleone... ele construiu uma nova identidade no calibre dessas canções, entre outras e é preciso a gente reconhecer e aceitar isso, que houve uma considerável mudança, ou então, é voltar para o velho DS e não se adentrar nos novos trabalhos de MK.

Estou cada vez mais me habituando a esse novo universo de sua carreira, e o caminho é esse, aceitar, ou não aceitar, pois pelo andar da carroagem, não vai voltar a ser era como antes e isso nós já estamos até acostumados, porém esquecemos, o próprio Dire Straits também era assim, por acaso alguma vez ele gravou algum disco como o Communique, ou o primeiro álbum depois que estes foram lançados? Como bem sabememos, a resposta é NÃO, isso faz parte da personalidade do Mark e na idade que ele já está... essa característica é mais acentuada.

Há algo muito legal que não pude deixar de perceber ", a música Privateering é da familia de The man's too Strong, há uma parte que entra uma gaita de fole se não me engano, algo que remete a Escócia, enfim, é muito linda, um arranjo bem característisco Knoplfer solo, além disso, Corned Beef City tem uma pegada bem energetica, lembra Gravy train e Kingdom Come. É legal saber que ele tem resgatado certas atmosferas do passado.

Esses aspectos são pouco percebidos por parte de fãs em alguns foruns que estive, estão focando apenas no quesito guitarra. É notável que estamos acostumado com o padrão linear de mudança de proposta musical que ocorria antes, como podemos perceber, existe uma grande diferença entre um álbum como Making Movies e um álbum como Love Over Gold, entre o BIA e o OES, entre o Golden Heart e o Saling to Philadelphia, embora havia essas mudanças, o quesito guitarra era preservado em muitos casos e hoje o padrão lienar que existe é o quesito composição e isso muitos não estão se dando conta. No fim, acredito que todos queremos que ele volte ao equilibrio guitarra/composição, é o que parece, concordam?

Bom, uma coisa é ele resgatar atmosferas de canções antigas, isso é bem vindo ao meu ver, não encaro essa atitude como mais do mesmo, outra coisa é ele vir na atualidade com uma canção que manifeste características de algo recente como canções dos seus dois mais recentes álbuns, o que vem ocorrer por exemplo em uma das novas canções, Haul Away, reparem como ela nos remete a Pipe to the End,, posso citar mais dois bons exemplos para vocês mesmo análisarem, observem como a canção Monteleone do Get Lucky vai conter elementos que inevitávlmente nos remeterá a Heart Full Of Holes, canção do álbum que anterior, Kill too the Krimson, o mesmo ocorre em The Car Was The One e Fizzy And the Still, isso sim soa pra mim como mais do mesmo, (entretanto, se todo mais do mesmo fosse assim, com essa beleza, o mundo da música estararia ileso de falta de qualidade musical) . Contudo, já que ele não resgata uma canção como The Man's too Strong, é maravilhoso contemplar uma canção que contenha elementos que nos remeta a tal canção. Espero que neste novo álbum venha com uma mistura de elementos novos e atmosferas que nos remeta a canções que ha muito tempo ele não traz em seus shows, isso amenizará a ausência dessas canções e o esquecimento por parte de Knopfler ao longo dos anos.

Brunno Nunes.

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Dire Straits

Dire Straits
A voz e a guitarra do Dire Straits ao vivo em Cologne, 1979