domingo, 25 de outubro de 2015

Sobre a forma de compor de Mark Knopfler.





Vamos analisar um pouco esse lado do maestro Knopfler, sempre muito conhecido e de forma justa, evidentemente, como um guitar hero,

É sempre interessante fazer esse recorte na obra Knopfleriana, o lado guitarrista e lado letrista.

Outro ponto que não devemos nos esquecer é que Knopfler é formado em Letras, licenciatura e sem dúvidas entende e sabe muito sobre a literatura britânica, além de que, ele teve experiência na área de jornalismo como critico musical e tal... é certo que basicamente há uma década que houve uma certa inversão de polos, o lado letrista vem sobressaindo mais em sua carreira solo do que o guitar hero, é até um tema polemico, mas, deixando essa profundidade de lado,  vamos observar o lado letrista do mestre.

Nos dois primeiros álbuns do Dire Straits o narrador nunca falou com ninguém. Ele estava sempre de pé no fundo assistindo a mulher no trem (Eastbound train), os comerciantes chineses (Wild west end),a banda de Jazz que se chamava os Sultans of Swing tocando no Pub.... É interessante perceber que Knopfler estava escrevendo na voz de um observador que não se intromete nas cenas que descreveram. Em canções como "Portobello Belle" e "Follow Me Home" (Communiquê), "Wild West End" , "Lions.", (Dire Straits), "Skateaway" (Making Movies), e "Eastbound Train", Knopfler descreveria assistindo a uma mulher a quem ele foi atraído,

(Para maior sintonia, basta dar um conferida na analise musical que fiz da canção Lions em 2010>> http://universodirestraits.blogspot.com/…/analise-musical-l…)



Neste sentido, a primeira mudança veio no terceiro álbum, Making Movies, ainda tinha canções com esse formato, mas também tinha faixas como "Expresso Love", em que o cantor faz contato direto. Mais tarde ainda Knopfler assumiu a voz de um romancista, escrevendo sobre personagens em primeira pessoa. Ele interpretou um detetive em "Private Investigations" (Love Over Gold), cantou como um soldado prestes a morrer no campo de batalha, em "Brothers in Arms", , um criminoso de guerra nazista em "The Man's Too Strong", um funcionário da loja aparelho intolerante em "Money for Nothing".



Ao chegar nos anos 90', nos deparamos com canções como On "Every Street" e "You and Your Friend" com seus ambientes melancólicos, não obstante, no tocante a canção On Every Street, por exemplo, é interessante perceber algumas características que se cruzam, de forma que pode nos remeter a algumas outras de suas canções, (tendo um pouco de sensibilidade), quando ouço a canção On Every Street me remete a aquele detetive de "Private Investigations", aquela dimensão de busca por alguém presente na letra, outro ponto curioso está contido na parte da melodia e harmonia presente no final da canção, aquela progressão e acordes exprime uma dimensão de eternidade, uma busca que não tem fim, isso me remete imediatamente ao final de "Where do you think you're going?", não sei se alguém aqui percebe essas nuances, mas enfim... é só um ponto de vista que compartilho com vocês para tentar deixar o gancho (mediante a discussão acerca desses detalhes) e logo em seguida adentrarmos na observância da evolução de sua maneira de compor, verificando na carreira solo, sobretudo, os dois últimos trabalhos solos.


Em debate sobre esse aspecto da obra Knopfleriana, meu amigo Pedro França, grande fã das terras lusitanas fez a seguinte citação:  "Mas é isso mesmo, lembro da primeira vez que vi na letra de OES a frase " I don't know why it is , I'm still on the case..." e ter ficado com a ideia de que o personagem era o mesmo de Private Investigations. Outra continuidade que notei foi em Privateering. Li o livro Mason & Dixon ,que deu origem a STP e nesse livro existem muitas referencias aos corsários ( privateers). É de salientar o conteudo histórico destes e de outros temas como Lights of Taormina e a forma graciosa como as rimas e a métrica da poesia são obtidas.As palavras que encontra para rimar com Taormina é exemplo disso ( Messina, arena, Cartaghina". No dvd é notória a satisfação com que ele canta estes versos. No entanto duvido que alguma vez venha a escrever um romance. Ele precisa da música para se inspirar."




Eu concordo plenamente, esse aspecto das rimas e a métrica é algo que ele evoluiu bastante, mas, isso sempre foi algo que estava já com ele desde o principio, um exemplo, vejam só a letra da primeira música do primeiro álbum:

Down to the Waterline
Sweet surrender on the quayside
You remember we used to run and hide
In the shadow of the cargoes I take you one time
And we're counting all the numbers down to the waterline

Up comes a coaster fast and silent in the night
Over my shoulder all you can see are the pilot lights
No money in our jackets and our jeans are torn
Your hands are cold but your lips are warm

She can see him on the jetty where they used to go
She can feel him in the places where the sailors go
When she's walking by the river and the railway line
She can still hear him whisper
"Let's go down to the waterline


Para além, existem muitos outros exemplos,  enfim... espero que tenham gostado dessa análise!

Brunno Nunes.

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito interessante, a gente aprende mais sobre a melhor banda do planeta!
Parabéns cara!!!!!!

Dire Straits

Dire Straits
A voz e a guitarra do Dire Straits ao vivo em Cologne, 1979